Ampliação do Acesso à Mamografia no SUS

O Ministério da Saúde anunciou, em setembro, a ampliação do acesso à mamografia para mulheres a partir dos 40 anos, através do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa medida foi recebida com entusiasmo por sociedades médicas que há tempos defendiam essa mudança.

No entanto, o anúncio levanta questões importantes sobre como garantir que essa diretriz se traduza em acesso real para as mulheres.

A principal questão reside na dificuldade do sistema de saúde em atender integralmente à faixa etária recomendada anteriormente, entre 50 e 69 anos. A diferença entre a recomendação original e a nova diretriz tem sido um ponto de debate. “Todas as sociedades relacionadas ao rastreamento do câncer de mama já recomendam que ele se inicie aos 40 anos, e que seja realizado anualmente”, afirma a mastologista Danielle Martin Matsumoto, do Einstein Hospital Israelita.

A epidemiologia brasileira apresenta características distintas de outros países. Nos Estados Unidos, a idade média de incidência de casos de câncer de mama gira em torno de 62 anos, enquanto no Brasil é de 52 anos. Além disso, mais de 20% das mulheres brasileiras recebem o diagnóstico abaixo dos 45 anos.

Essa realidade exige uma abordagem de rastreamento que considere a idade de início e a prevalência do câncer de mama no país.

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Atualmente, o rastreamento de câncer de mama no Brasil é realizado de forma oportunística, ou seja, a paciente precisa procurar uma unidade básica de saúde para solicitar o exame. Essa situação gera gargalos, pois muitas vezes falta informação para a paciente sobre seus direitos ou não há médico ou enfermeira disponível para emitir o pedido.

Mesmo com a solicitação em mãos, o caminho até o mamógrafo pode ser desigual, especialmente em regiões mais distantes e com menor densidade populacional.