A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) anunciou na última segunda-feira (10) uma mudança significativa no status de saúde do continente americano. A região deixou de ser considerada livre da transmissão endêmica de sarampo. Essa decisão foi motivada pela confirmação de um surto da doença, com circulação do vírus por pelo menos 12 meses.

Embora outros países da região, como o Brasil, ainda mantenham o status de áreas livres da doença, a Opas ajustou a classificação devido à situação no Canadá.

Surto no Canadá e Impacto Regional

O surto de sarampo no Canadá, iniciado em outubro de 2024 em New Brunswick, resultou em mais de 5 mil casos registrados. A transmissão persiste em províncias como Alberta, Colúmbia Britânica, Manitoba e Saskatchewan. A Opas revisou a classificação da região devido à alta contagiosidade do sarampo e suas potenciais complicações, incluindo pneumonia, encefalite, cegueira e, em casos extremos, a morte.

Histórico de Revogações e Desafios

Não é a primeira vez que as Américas perdem o status de região livre do sarampo. Entre 2018 e 2019, surtos na Venezuela e no Brasil também levaram à revogação da certificação. Apesar disso, especialistas enfatizam que, com esforço conjunto e vacinação contínua, a recuperação do status é possível.

Situação Atual e Recomendações

Até o dia 7 de novembro de 2025, foram confirmados 12.596 casos de sarampo em 10 países das Américas, com 95% desses casos concentrados no Canadá, México e Estados Unidos. A doença causou 28 mortes no continente, sendo 23 no México, 3 nos Estados Unidos e 2 no Canadá.

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A maioria dos casos envolve indivíduos não vacinados ou com situação vacinal desconhecida, e crianças menores de um ano são o grupo mais afetado.

Foco na Vacinação e Vigilância

Especialistas, como Renato Kfouri, presidente da Câmara Técnica para a Eliminação do Sarampo, Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita do Ministério da Saúde, ressaltam que a vacinação é a principal medida para evitar a disseminação do sarampo.

A Opas estima que, nos últimos 25 anos, a imunização impediu mais de seis milhões de mortes nas Américas. No Brasil, a cobertura vacinal da primeira dose da tríplice viral é alta, mas a segunda dose ainda não atinge a meta de 95%, ficando em torno de 79%.

Conclusão: A Importância da Vigilância Contínua

Para combater a doença, a Câmara Técnica apresentou à Opas recomendações como o fortalecimento da vigilância epidemiológica e a ampliação da cobertura da segunda dose da vacina, principalmente em áreas com baixa adesão. O desafio principal é manter o Brasil longe do sarampo, especialmente com o aumento de casos em países vizinhos e a circulação internacional de pessoas.

O controle da doença exige esforços contínuos de vigilância, imunização e conscientização para proteger a população e evitar novos surtos.