Pesquisas revelam como escolas e famílias enfrentam desafios na inclusão de crianças com Síndrome Congênita do Zika no ensino. Leia no Poder360.
Em 2025, a epidemia do Zika vírus completará uma década, um período marcado por intensas pesquisas nas áreas da saúde, assistência social e educação. A pesquisa conduzida por Márcia Denise Pletsch e sua equipe da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em parceria com o governo estadual e outras instituições, investigou como escolas fluminenses se estruturaram para receber crianças afetadas pelo vírus, muitas delas com microcefalia e outras manifestações da Síndrome Congênita do Vírus Zika.
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O estudo destacou a vulnerabilidade histórica e social enfrentada por famílias pobres, evidenciando a negligência em relação às populações afetadas. Essa realidade se manifesta de forma desproporcional em territórios com baixos índices de desenvolvimento humano, como a Baixada Fluminense, região fortemente impactada pela Síndrome Congênita do Vírus Zika.
A pesquisa ressaltou a importância de compreender as trajetórias dessas famílias, suas condições sociais e as formas de abandono que enfrentam.
As crianças estudadas frequentemente apresentam deficiências múltiplas, que afetam seus desenvolvimentos de diversas maneiras, impactando a qualidade de vida e as relações com a educação e a sociedade. Para atender a essas necessidades complexas, são necessários intervenções educacionais personalizadas, incluindo programas de Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA) e outros recursos de Tecnologia Assistiva, adaptados às especificidades de cada criança.
A equipe de pesquisa identificou a demanda por “profissionais de apoio à inclusão”, “mediadores” ou “cuidadores” permanentes, que promovem a participação das crianças nas atividades escolares.
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A pesquisa revelou que a inclusão dessas crianças na escola, tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Fundamental 1, apresenta desafios significativos. As escolas enfrentam dificuldades para promover a participação das crianças nas atividades escolares, em grande parte devido às suas necessidades de comunicação complexas.
A maioria das professoras não recebeu formação adequada para lidar com esses casos, e a falta de estratégias pedagógicas eficazes dificulta a inclusão. A equipe de pesquisa enfatizou a necessidade de programas intersetoriais envolvendo educação, saúde e assistência social, para garantir o desenvolvimento integral dessas crianças e melhorar sua qualidade de vida.
A pesquisa ressaltou a importância de ouvir as famílias, especialmente as mães, que enfrentam desafios relacionados à epidemia do Zika. A troca de experiências e a construção de estratégias, mesmo que por meio de mensagens de WhatsApp, são fundamentais.
A equipe de pesquisa reconhece o papel central da escola como espaço de orquestração dessas ações, enfatizando a necessidade de colaboração entre os setores da saúde e da assistência, e não apenas a execução de tarefas. A continuidade da frequência e permanência das crianças na escola, especialmente na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, é um desafio que exige mapeamento e acompanhamento.
Após dez anos da epidemia, a pesquisa de Márcia Denise Pletsch e sua equipe revela que as famílias e as instituições de ensino ainda enfrentam grandes desafios para garantir a educação efetiva das crianças afetadas pelo Zika. A falta de investimentos, a formação inadequada de professores e a fragilidade dos programas intersetoriais são obstáculos que precisam ser superados.
A escuta atenta das famílias e a colaboração entre os setores são elementos-chave para o sucesso da inclusão dessas crianças na escola, garantindo-lhes um futuro mais justo e igualitário.
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