Jovens do Reino Unido enfrentam desafios no basquete devido à falta de estrutura, investimento e orientação no país.
A NBA vive um momento de expansão global, atraindo jogadores de todo o mundo. No início da temporada 2025/26, a liga anunciou um recorde histórico: 125 jogadores estrangeiros foram selecionados para os elencos das equipes na primeira rodada. Representando 43 países, incluindo Austrália, Alemanha, França, Camarões e Sérvia, essa diversidade demonstra o crescente interesse e a qualidade dos atletas de diferentes origens.
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Entre os destaques da temporada, a história de Amari Williams, um pivô britânico em busca de seu grande momento, chamou a atenção. Escolhido na segunda rodada pelo Boston Celtics, o atleta de Nottingham, no centro da Inglaterra, representou mais do que uma conquista pessoal: foi uma vitória para o basquete britânico em sua tentativa de ganhar espaço na liga mais prestigiada do mundo. Aos 23 anos e com 2,13m de altura, Williams se tornou o sexto jogador formado no Reino Unido a ser draftado nos últimos 25 anos, segundo o site especializado Hoopsfix.
A trajetória de Williams foi repleta de desafios. Aos 16 anos, ele deixou Nottingham para estudar em um colégio agrícola no interior da Inglaterra, o único local onde poderia treinar basquete em tempo integral. “A gente vivia praticamente numa fazenda. Sair da cidade e morar no campo foi algo completamente diferente”, lembrou. Como muitos jovens britânicos, Williams enfrentou a escassez de espaços adequados para treinar. Quadras específicas para basquete são raras e, quando existem, costumam ser divididas com esportes como badminton ou vôlei.
Hoje, o torcedor médio da NBA associa a presença britânica a nomes como OG Anunoby (New York Knicks) e Jeremy Sochan (San Antonio Spurs). Mas ambos deixaram o país ainda jovens — Anunoby mudou-se para os Estados Unidos aos quatro anos, e Sochan passou boa parte da adolescência no Texas. Segundo a pesquisa Active Lives 2024 da Sport England, mais de 1,5 milhão de britânicos jogam basquete semanalmente, tornando o esporte o segundo mais popular em equipe no país. O número de fãs adultos da NBA também cresceu 24% desde 2022, de acordo com o governo britânico. Ainda assim, poucos atletas do Reino Unido chegam ao mais alto nível.
“Falta direcionamento”, explicou o ala do Knicks Tosan Evbuomwan, nascido em Newcastle. “Não há muitos exemplos de quem trilhou o caminho desde a base no Reino Unido até o topo. A gente acaba tendo que descobrir tudo sozinho.” Evbuomwan viveu isso na prática: aos 15 anos, sem time na escola, ele e os amigos criaram uma equipe por conta própria, sem técnico, sem treino formal — apenas vontade de jogar. O talento o levou à universidade de Princeton, nos Estados Unidos, onde se destacou e conquistou prêmios individuais antes de assinar contratos “two-way” com equipes como Memphis Grizzlies, Detroit Pistons e Brooklyn Nets, até chegar aos Knicks.
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Em outubro, a FIBA suspendeu temporariamente a Federação Britânica de Basquete (BBF) por problemas de governança e descumprimento de regulamentos. A decisão impede a seleção masculina de disputar competições internacionais até que a situação seja resolvida. O caso deve chegar à Suprema Corte do Reino Unido em 2026, mas há sinais de esperança. Em setembro, o governo britânico anunciou um investimento conjunto de £10 milhões (cerca de US$ 13,4 milhões) para o desenvolvimento do basquete recreativo, com metade do valor vindo da própria NBA. “É mais do que esporte — é sobre comunidade, inclusão e inspirar a próxima geração”, declarou o primeiro-ministro Keir Starmer.
Enquanto a base britânica ganha novo fôlego, jogadores como Williams e Evbuomwan se tornam exemplos para quem sonha em seguir o mesmo caminho. “Ver o Tosan conseguir chegar à NBA me inspirou muito”, contou Williams. “Espero que outros possam ver o mesmo em mim.” Evbuomwan retribui o sentimento: “O que eu puder fazer para ajudar a nova geração, eu vou fazer. Eu e Amari temos uma relação real — e isso faz toda a diferença.”
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