Tentativa de Golpe de Estado: Advogado Aponta Contradição na Ausência de Denúncia Contra Presidente do PL
O advogado Melillo Dinis do Nascimento, representante do réu Carlos César Moretzsohn Rocha no núcleo 4 da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, destacou uma “contradição evidente” na ausência de denúncias contra o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto. Em depoimento em 14 de outubro de 2025, Nascimento argumentou que a falta de acusações contra Costa Neto é “inusitada” e merece atenção. A investigação, conduzida pelo núcleo 4 da Polícia Federal, busca responsabilizar indivíduos envolvidos na disseminação de desinformação e ataques virtuais durante o período eleitoral.
Instituto Voto Legal e a Auditoria das Urnas Eletrônicas
Carlos César Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal, foi contratado pelo PL para realizar auditorias nas urnas eletrônicas em 2022. Segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), Moretzsohn Rocha sabia das inconsistências das alegações de fraude, mas teria vazado um documento que serviu para o PL solicitar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que questionasse a segurança do sistema eletrônico de votação. O advogado de defesa argumenta que o contrato estabelecia uma cláusula de exclusividade e direito autoral, impedindo a divulgação pública de conclusões políticas.
Uso da Abin e Espionagem
A investigação também aponta o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) como ferramenta de contrainteligência para favorecer o plano de ruptura institucional. O policial federal Marcelo Bormevet, atuando na Abin, teria solicitado a Giancarlo Rodrigues, também da agência, o uso do programa de espionagem First Mile para monitorar adversários e aliados do ex-presidente. A PGR afirma que Bormevet e Rodrigues elaboraram e divulgaram conteúdos falsos sobre os ministros Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, buscando desacreditar esses juristas e enfraquecer o processo eleitoral. A investigação demonstra uma tentativa de manipulação da informação e de vigilância em massa.
Atores Envolvidos e Acusações
O núcleo 4 da investigação envolve diversos militares e policiais federais, incluindo Ailton Moraes Barros, Ângelo Denicoli, Giancarlo Rodrigues, Guilherme Almeida, Reginaldo Abreu e Marcelo Bormevet. A PGR os acusa de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A atuação do ex-ministro da Casa Civil, general Braga Netto, que teria orientado o grupo a realizar campanhas ofensivas contra comandantes militares contrários ao golpe, também é alvo de investigação. A complexidade da trama demonstra a amplitude do ataque à democracia.