Estado é o 1º país da América a integrar IA no currículo e conquista selo da Unesco. Saiba mais no Poder360.
O Piauí se destaca ao tornar-se o primeiro território da América do Norte a incluir a inteligência artificial (IA) como disciplina obrigatória no ensino médio e no 9º ano do ensino fundamental. Essa iniciativa, implementada em 2024, posiciona o estado em paralelo a nações como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e China, que já haviam adotado medidas semelhantes, e obteve reconhecimento da UNESCO.
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De acordo com o professor Rogério de Almeida, da Faculdade de Educação da USP, essa medida representa um marco importante na disputa por espaço no currículo escolar. A inclusão de uma nova disciplina envolve debates sobre a formação docente, a necessidade de infraestrutura e a criação de políticas públicas adequadas.
O professor ressalta que a maioria dos professores não possui formação específica em IA, sendo a formação continuada um ponto crucial.
Um dos principais desafios reside no acesso à internet e na infraestrutura escolar, além da necessidade de garantir dispositivos e conectividade. Questões de governança de dados também são fundamentais, visando evitar desigualdades e proteger a privacidade dos estudantes.
A dependência de grandes empresas de tecnologia, que frequentemente oferecem plataformas com assinaturas, também é um ponto de atenção.
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A inserção da IA no currículo levanta questões sobre a prioridade de determinados conteúdos em relação a outros, como a história e cultura afro-brasileira e indígena, que são temas transversais, mas não obrigatórios. O professor enfatiza que a IA deve ser utilizada como uma ferramenta de apoio, e não como substituto do professor ou da atividade do estudante.
O objetivo é formar jovens com pensamento crítico, capazes de compreender os riscos e potencialidades da tecnologia. A IA pode auxiliar no processo de ensino e pesquisa, mas nunca substituir o trabalho humano. É crucial garantir que a tecnologia seja utilizada de forma ética, sem comprometer a privacidade dos alunos.
Segundo Almeida, o caso do Piauí pode servir como laboratório para outras redes de ensino. O estado se torna um projeto piloto que pode inspirar políticas semelhantes em outros estados e países, desde que os resultados sejam avaliados e os cuidados éticos e pedagógicos sejam respeitados.
A adoção da IA nas escolas é recente, com o uso generalizado da tecnologia começando em 2023. É necessário avaliar os impactos antes de expandir a iniciativa. A velocidade com que a IA se expandiu requer cautela, garantindo que a experiência não precarize o trabalho docente e contribua para o aprimoramento dos processos educativos.
Para o professor, o ensino de IA deve ser visto como parte de uma formação integral e ética. Mais do que aprender a usar ferramentas tecnológicas, trata-se de formar cidadãos capazes de entender o papel da inteligência artificial na sociedade e de usá-la de forma crítica.
A experiência do Piauí, reconhecida pela UNESCO, marca um passo inédito na integração entre educação, tecnologia e responsabilidade social, apontando caminhos para um ensino público mais conectado com os desafios do século 21.
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