TurisAngra Implementará Taxa de Turismo Sustentável a Partir de Janeiro
A Ilha Grande, conhecida por suas mais de 365 ilhas, águas cristalinas e paisagens naturais, passará a ter uma taxa de turismo sustentável a partir de janeiro. Uma lei municipal determina a criação da Taxa de Turismo Sustentável, que será válida tanto para o continente quanto para as ilhas do município.
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A medida, que visa arrecadar recursos para investir no turismo local, gera debates e preocupações entre moradores e empresários da região. A nova cobrança, que terá reajustes progressivos ao longo dos anos, começa a ser aplicada a turistas que utilizam embarcações de empresas de travessia e passageiros de transatlânticos.
Funcionamento da Nova Taxa
Inicialmente, a taxa será de R$ 47,50, cobrada em totens, pelo aplicativo Angra Viva ou no Cais de Santa Luzia. Para o ano de 2027, a taxa aumentará para R$ 71,26. Para visitantes que acessam apenas o continente, o valor será reduzido à metade. A partir de 2028, turistas que desejarem acessar as ilhas – seja para um dia ou até uma semana – pagarão R$ 95, além de uma taxa diária de R$ 4,75 a partir do oitavo dia de permanência.
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A taxa será cobrada independentemente do meio de acesso, incluindo táxi-boats, embarcações particulares, barcos vindos de outros municípios e as barcas concedidas pelo governo estadual.
Reações e Preocupações
A implementação da taxa tem gerado reações diversas. Alguns moradores e empresários expressam preocupação com o impacto financeiro na economia local. Rodrigo Retonde, diretor da Associação de Moradores da Praia do Abraão, estima que uma família com dois filhos terá uma despesa extra de R$ 190 em 2026.
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Já Aurélio da Silva, técnico de informática, critica o valor da taxa, que se soma aos custos de hospedagem e transporte, elevando o custo total da viagem. Pedro Badaró, que aluga quartos pela plataforma Airbnb, teme prejuízos para quem trabalha com hospedagem, além da dificuldade de fiscalizar todos os turistas.
Argumentos e Controvérsias
A TurisAngra defende a cobrança, argumentando que a arrecadação será utilizada para investir no turismo local e para cobrir os custos de serviços como a remoção de lixo da ilha (que chegam a quase R$ 5 milhões por ano). No entanto, o advogado e ambientalista Alexandre Guilherme questiona a vinculação da arrecadação a um fundo que garanta a aplicação dos recursos na ilha, alertando que os valores podem ser redirecionados para outros projetos.
Rogério Zouein, advogado e ambientalista do Grupo Ação Ecológica (GAE), aponta que a simples cobrança da taxa não garante a sustentabilidade do turismo na ilha, mencionando a falta de dados sobre o número máximo de visitantes que a Praia do Abraão pode receber sem comprometer a infraestrutura.
Exemplos em Outros Destinos
Outros destinos turísticos também adotam taxas de acesso para veículos de turismo. Em Arraial do Cabo, há quatro anos é cobrada taxa para entrada de ônibus, micro-ônibus e vans de turismo, com valores que variam conforme o tipo de veículo e a época do ano.
Em Cabo Frio, a prefeitura retomou a cobrança de R$ 2,5 mil por veículo de turismo, alegando que os recursos são usados para mitigar os impactos do alto fluxo de visitantes. Já Búzios segue sem cobrança para visitantes. Um projeto aprovado em novembro de 2025 para criar uma Taxa de Turismo Sustentável acabou arquivado após pressão de moradores e empresários locais.
