Trump e a Controvérsia em Torno do Segundo Ataque

Donald Trump e administração negam envolvimento em segundo ataque no Caribe.

6 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Ataques no Caribe e a Controvérsia em torno do Segundo Ataque

Logo após o governo de Donald Trump realizar o primeiro ataque conhecido contra uma suposta embarcação de drogas no Caribe, no início de setembro, o secretário de Defesa Pete Hegseth apareceu com seus antigos colegas no programa “Fox and Friends”, da emissora americana Fox News, para se gabar da precisão da operação. “Eu assisti ao vivo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sabíamos exatamente quem estava naquele barco. Sabíamos exatamente o que eles estavam fazendo e sabíamos exatamente quem eles representavam”, disse Hegseth.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ele acrescentou que eram integrantes de gangues da que “tentavam envenenar nosso país com drogas ilícitas.” Mas três meses depois, a história do ataque tornou-se uma das maiores controvérsias do segundo mandato de Trump, com a revelação de que a administração conduziu uma segunda série de ataques para eliminar os sobreviventes dos ataques iniciais – um possível crime de guerra.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

LEIA TAMBÉM!

E, mais importante, a administração parece não conseguir manter uma versão coerente dos fatos. Repetidamente ao longo da última semana, sua versão dos eventos mudou. Abaixo estão alguns dos detalhes principais.

Para onde o barco se dirigia: Comando Sul dos EUA divulga imagens de ataque a barco no Pacífico • Reprodução

Esta narrativa, na verdade, já havia mudado bem antes da situação dominar as notícias nas últimas semanas. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse no dia 2 de setembro que o barco “provavelmente estava indo para Trinidad ou algum outro país no Caribe, momento em que contribuiriam para a instabilidade que esses países estão enfrentando.” Mas no dia seguinte, o governo alegou que as drogas estavam a caminho dos Estados Unidos – em algum momento, pelo menos.

Além dos comentários de Hegseth sobre os operadores do barco “tentando envenenar” os EUA, o presidente americano Donald Trump citou que o barco transportava “quantidades massivas de drogas entrando em nosso país para matar muitas pessoas.” Rubio alterou seus comentários para dizer que o barco “estava se dirigindo, eventualmente, aos Estados Unidos.” E agora temos uma nova camada nessa narrativa em evolução.

A CNN reportou na semana passada que o oficial militar que supervisionou a operação, Almirante Frank Bradley informou aos legisladores em reuniões que a embarcação estava, na verdade, seguindo para se juntar a um navio maior com destino ao Suriname, outro país na costa norte da América do Sul.

Por que isso é significativo? Porque o Suriname, que fica a leste de Trinidad, é muito mais provável de transportar drogas com destino à Europa, não aos Estados Unidos. “O Suriname é um país de trânsito para a cocaína sul-americana, sendo que a maior parte provavelmente tem como destino a Europa”, afirmou o Departamento de Estado em um relatório sobre o comércio internacional de narcóticos em março desse ano.

Bradley disse aos legisladores que ainda havia a possibilidade de as drogas eventualmente irem do Suriname para os Estados Unidos. Mas esse caminho indireto e incerto para narcóticos chegarem aos EUA apresentou divergências em como isso foi inicialmente apresentado.

E os apoiadores dos parecem estar mudando suas justificativas. O senador republicano Tom Cotton admitiu no último domingo (7), no programa “Meet the Press” da emissora americana NBC, que não havia visto evidências concretas de que o barco estava indo para os Estados Unidos.

Cotton disse, no entanto, que as mortes foram justificadas porque as pessoas no barco faziam parte de uma organização terrorista designada.

Uma das maiores questões desses ataques é justamente quão sólida é a inteligência, considerando que a administração está matando pessoas sem o devido processo legal.

O apoio de Trump ao segundo ataque: Trump conversa com a imprensa a bordo do Air Force One • Reuters

O presidente americano tem dado sinais contraditórios sobre esse incidente. No fim de semana passado, antes que a administração confirmasse publicamente o segundo ataque, Trump sinalizou que teria discordado da decisão. “Não, eu não teria gostaria disso — não um segundo ataque”, disse Trump.

Mas depois que a Casa Branca confirmou a ação, Trump adotou uma postura mais favorável. “Eu apoio a decisão de destruir os barcos”, disse o presidente americano. “E quem quer que esteja pilotando aqueles barcos – a maioria já se foi, mas quem quer que esteja pilotando aqueles barcos, são culpados de tentar matar pessoas em nosso país.”

Inicialmente alegando que a história era falsa: Após o jornal americano Washington Post, o Intercept e a CNN noticiarem primeiro sobre o segundo ataque, a administração apresentou uma série de negativas vagas, mas com tom incisivo. Hegseth citou “reportagens fabricadas, inflamatórias e difamatórias”.

Um porta-voz do Departamento de Defesa afirmou que “toda a narrativa era falsa”. A Casa Branca disse que o relatório inicial não continha “NENHUM FATO e NENHUMA COMPROVAÇÃO”. O próprio Trump alegou que não sabia o que havia acontecido e que Hegseth “nem sabia do que as pessoas estavam falando”.

Seu secretário de Defesa, segundo Trump, afirmou que “não ordenou a morte daqueles dois homens.” Mas as reportagens foram posteriormente confirmadas. A Casa Branca confirmou o segundo ataque logo após das afirmações negativas negativas.

Divulgação do vídeo: Trump sinalizou na semana passada que estaria disposto a divulgar o vídeo completo do ataque. “Não sei o que eles têm, mas qualquer coisa que tenham, certamente divulgaremos, sem problema”, disse o presidente dos EUA. Mas cinco dias depois da fala, o vídeo ainda não foi divulgado, e a administração parece ter recuado quanto a fazer o que Trump disse que faria. “Estamos revisando o processo, e veremos”, disse Hegseth no sábado (6) na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan em Simi Valley, Califórnia. “Qualquer coisa que decidirmos divulgar, precisamos ser muito responsáveis ao revisar isso neste momento.”

Sobreviventes supostamente pedindo reforços: A administração argumentou que os sobreviventes de alguma forma ainda representavam uma ameaça. Como parte disso, conforme reportado pela CNN, foi informado aos legisladores em pelo menos uma reunião em setembro que os sobreviventes aparentemente estavam usando o rádio para pedir ajuda ou reforços.

Essa alegação também apareceu em algumas outras reportagens da mídia. No entanto, a CNN informou na semana passada que o Almirante Frank Bradley disse aos legisladores que os sobreviventes não estavam em condições de fazer uma chamada de socorro.

O senador republicano Tom Cotton disse a CNN, na semana passada, que não havia visto nenhuma evidência de que os sobreviventes tentaram usar um rádio.

Sair da versão mobile