Trump declara que os EUA buscam conflito armado na Venezuela; Trump anuncia novo ataque a embarcação

Presidente denuncia agressão dos Estados Unidos e chama líderes da região a preservar a paz na América Latina e no Caribe.

15/09/2025 22:14

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Trump declara que os EUA buscam conflito armado na Venezuela; Trump anuncia novo ataque a embarcação
(Imagem de reprodução da internet).

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, realizou nesta segunda-feira (15) uma coletiva de imprensa em Caracas, com a presença de veículos internacionais e representantes diplomáticos, onde comentou a crescente tensão de Washington e seu aumento de tropas no Caribe. Logo após o encerramento da conferência, a Casa Branca declarou ter conduzido um novo ataque em águas internacionais do mar do Caribe contra um navio venezuelano, no qual teriam falecido três indivíduos.

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O presidente Maduro destacou que, apesar das declarações da imprensa internacional sobre “tensões” entre seu país e Washington, a situação representa uma ameaça dos Estados Unidos à Venezuela.

Não se trata de uma tensão, é uma agressão em toda a linha. É uma agressão judicial quando somos criminalizados, uma agressão política com declarações ameaçadoras diárias, uma agressão diplomática e uma agressão militar em curso. A Venezuela está amparada pelas leis internacionais para enfrentar essa agressão.

Adicionalmente, afirmou que “a Venezuela está em uma grande batalha pela verdade”, cujo propósito é “vencer” e “preservar” a paz, e ressaltou que os meios de comunicação deveriam trabalhar para divulgar “a verdade sobre a Venezuela”.

É necessário que a mídia realize um grande esforço ético para evidenciar a realidade de um país pacífico, que com trabalho e dedicação, progrediu. Ninguém nos concedeu a independência, nem nossa identidade, nem nossa República. Nós a alcançamos com esforço, ressaltou.

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Essas declarações se dão em um contexto de crescente agressividade dos Estados Unidos na região. Em 6 de setembro, Donald Trump ordenou a mudança do nome do Departamento de Defesa para “Departamento de Guerra”, decisão que ocorreu em meio a um aumento notável de sua presença militar no Caribe, sob o argumento de “combater o narcotráfico”.

Nos últimos cinco semanas, o governo americano deslocou várias forças militares – incluindo soldados, navios e submarinos de grande porte – na região sudeste do Mar do Caribe, próxima às costas da Venezuela, e intensificou sua atuação em países como Panamá e Porto Rico.

Antes da operação, o Departamento de Estado aumentou para 50 milhões a recompensa pela captura de Maduro, o qual foi acusado de liderar o denominado “Cartel dos Sóis”, uma suposta organização criminosa ligada ao tráfico de drogas. Autoridades venezuelanas negam essa acusação, alegando que não há evidências que a comprovem.

Comunicações “desfeitas”.

Maduro classificou as comunicações com o governo americano como “interrompidas”.

Atualmente, as relações de comunicação com os Estados Unidos foram interrompidas, que foram destruídas por meio de ameaças de bombas, mortes e chantagens, responsabilizando diretamente a administração de Trump.

O diplomata relatou que, no começo de setembro, ele classificara os diálogos com o governo vizinho como “machucadas”, ainda que abertos, conduzidos por John McNamara, responsável por assuntos da Venezuela na Embaixada dos EUA na Colômbia, e Richard Grenell, enviado especial de Trump.

Contudo, em razão do aumento da hostilidade americana, as comunicações “passaram de relações manchadas a rompidas”, sentenciou.

Afirmou que Washington pratica uma estratégia de “chantagens e guerras psicológicas” contra a Venezuela, declarando: “Somos pessoas de palavra, de diálogo e de paz, mas não respondemos a guerras psicológicas, chantagens nem ameaças”.

Ataque de 2 de setembro e pedido de apuração.

Em relação ao ataque que os EUA alegam ter realizado em 2 de setembro no Caribe, com 11 tripulantes mortos – que Caracas inicialmente classificou como falso –, Maduro afirmou que Trump “deve ordenar uma investigação”.

O primeiro passo, em relação ao suposto ataque a uma embarcação supostamente venezuelana apresentado pelo presidente dos Estados Unidos em um vídeo, é que ele mesmo deve investigar.

Há discussão sobre se houve a confirmação da morte de 11 indivíduos, alegadamente de origem venezuelana, ou se trataram de assassinatos. Essa investigação na Venezuela está em curso. Aguardamos que seja finalizada para que possamos apresentar os resultados, declarou.

A ação suposta foi considerada por meio do Congresso estadunidense como uma grave violação do direito internacional e uma extensão dos poderes do Poder Executivo. Representaria a primeira operação militar desse tipo na região desde a invasão do Panamá, em 1989.

Considerando a seriedade do caso, doze senadores democratas encaminharam uma carta à Casa Branca, declarando que a administração Trump não apresentou nenhuma justificativa legal e legítima para o ataque.

A disputa pela região ameaçava a estabilidade da região.

Maduro declarou que Washington pretende incitar uma guerra no Caribe, considerando o deslocamento de frotas de países aliados dos EUA, como Holanda e Reino Unido.

Ademais, recordou que, em um período de cinco semanas, após o envio de navios de mísseis e de um submarino nuclear americano, houve a consideração de bombardear, invadir e ocupar a Venezuela. “E o que realizamos nessas cinco semanas? Unimos o povo venezuelano, o treinamos e defendemos nossa verdade nas ruas”, declarou.

O presidente afirmou que os Estados Unidos e o mundo reconhecem que se trata de uma operação militar com o objetivo de intimidar, buscar uma mudança de governo, desestabilizar a Venezuela, dividi-la em partes e controlar seus recursos naturais. Acrescentou que tal cenário não ocorreu e não ocorrerá.

Após mencionar diversos exemplos de intervenção americana em outros países – como Cuba, Vietnã e Panamá –, Maduro afirmou que os EUA buscam uma “desculpa” para intervir militarmente no país.

Direito e defesa, apostando na paz.

Com o intuito de promover uma reunião “urgente” em prol da paz, Maduro anunciou que enviou cartas a diversos presidentes da região para reiterar o compromisso de assegurar que a América Latina e o Caribe permaneçam como uma zona de paz.

Uma carta foi encaminhada ao presidente da Colômbia e atual chefe da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), Gustavo Petro, visando a convocação de uma reunião extraordinária sobre soberania e paz na região caribenha.

O acúmulo daquela região, o grande Caribe, em armamento e mísseis, pode levar a uma hecatombe, uma grande guerra que nunca existiu, alertou e solicitou que os países vizinhos assumissem um papel ativo.

Logo após o encerramento da coletiva, Donald Trump comunicou, via Truth Social, que as Forças Armadas dos EUA haviam conduzido um novo ataque a um navio venezuelano em águas internacionais, denominado por ele de “área de responsabilidade do Comando Sul”.

De acordo com Trump, o ataque resultou na morte de três indivíduos, considerados como “terroristas” e executados sem processo judicial. Ele declarou que, por sua ordem, foi conduzido um segundo ataque direcionado contra cartéis do narcotráfico e narcoterroristas “extraordinariamente violentos” que transportavam drogas ilícitas para os Estados Unidos, caracterizadas como “arma mortal” contra os cidadãos americanos.

Fonte por: Brasil de Fato

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