Estratégia Trump redefine América Latina: EUA adotam contenção e controle na região, impactando Mercosul e Brasil. Nova abordagem busca intervenção e usa critérios como migração e narcotráfico
A apresentação de um documento pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), em 5 de dezembro de 2025, representa uma mudança significativa na dinâmica de poder na América Latina. O documento redefine a região, deixando de vê-la como um espaço de cooperação estratégica e adotando uma abordagem de contenção, controle e possível intervenção.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Essa nova perspectiva impacta diretamente o Brasil e o Mercosul, com implicações em termos militares, econômicos e jurídicos.
O formulário de cadastro e alertas grátis do Poder360 está em conformidade com os termos da LGPD. Pela primeira vez em décadas, um documento oficial norte-americano autoriza explicitamente o uso de critérios como migração, narcotráfico e “ameaças transnacionais” para justificar ações.
Na prática, a nova estratégia dos EUA coloca o conceito de “integrar” subordinado às prioridades de Washington. O Brasil, devido à sua localização geográfica, peso econômico e liderança regional, encontra-se em uma posição delicada nesse novo cenário.
O impacto é imediato para o bloco, que nasceu com o objetivo de promover a integração econômica, a estabilidade regional, a interdependência produtiva e a confiança política entre antigos rivais estratégicos. A nova doutrina norte-americana opera em direção oposta.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O Mercosul entra nesse cenário de forma indireta, mas decisiva. O documento norte-americano considera o Mercosul como um “projeto” que pode ser desestabilizado. Blocos regionais e acordos bilaterais reduzem a dependência de relações externas. A nova estratégia norte-americana valoriza investimentos direcionados a governos politicamente alinhados.
No plano diplomático, o risco se amplia. Brasil, Argentina e Paraguai integram-se no Mercosul. A nova doutrina assume abertamente que investimentos, ajuda econômica e parcerias passam a operar como instrumentos diretos de segurança nacional dos EUA.
O Itamaraty pode ter influência reduzida. A Organização dos Estados Americanos (OEA) e os mecanismos de integração regional também perdem relevância.
Para o Brasil, essa nova dinâmica gera um dilema estrutural: a manutenção da autonomia estratégica exige uma postura firme, ao mesmo tempo em que a nova estratégia norte-americana introduz incentivos econômicos assimétricos, buscando minar a coesão regional.
A expectativa de controle territorial passa a ser apresentada como “responsabilidade compartilhada”.
A normalização do uso de força, a instrumentalização do comércio como ferramenta de coerção e a subordinação das agendas regionais a prioridades externas produzem exatamente o contrário: mais instabilidade, mais fragmentação e mais risco de conflitos localizados.
O Brasil enfrenta uma situação complexa, com a nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA sinalizando uma mudança para uma lógica de poder direto, esferas de influência e coerção aberta.
Este texto foi republicado de sob licença Creative Commons. Leia o texto original.
Autor(a):
Responsável pela produção, revisão e publicação de matérias jornalísticas no portal, com foco em qualidade editorial, veracidade das informações e atualizações em tempo real.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Fique por dentro das últimas notícias em tempo real!