O Crescimento do True Crime no Streaming

O gênero true crime se consolidou como um dos mais fortes no cenário do streaming. Uma produção recente do Prime Video alcançou o topo da plataforma poucos dias após seu lançamento. Paralelamente, um documentário sobre o mesmo tema obteve sucesso na Netflix, repetindo o fenômeno em menos de duas semanas.

Esse interesse global pelo gênero é notável, impulsionado por um mercado global de séries e filmes baseados em crimes que deve atingir US$ 347,14 bilhões até 2031, com um crescimento médio anual de 7,2%, conforme apontado pela Verified Market Research.

Fatores que Impulsionam o Gênero

Nos Estados Unidos, o true crime tem movido a indústria há décadas, com casos de grande repercussão, como os envolvendo O.J. Simpson, Ted Bundy, Jeffrey Dahmer e Charles Manson, transformados em produtos altamente rentáveis. No streaming, Dahmer: um canibal americano, da Netflix, acumulou 190 milhões de horas assistidas na primeira semana, sendo considerada um dos responsáveis pelos bons resultados financeiros de 2022, quando a empresa registrou US$ 7,9 bilhões em receita, em conjunto com outros sucessos, incluindo a quarta temporada de uma série de sucesso.

Análise do Mercado e Tendências

André Vilela Komatsu, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, explica que o crescimento do true crime está ligado à lógica das plataformas digitais. “O fascínio humano por crimes reais existe há séculos, mas chama atenção que esse gênero tenha ocupado as primeiras posições nos rankings de audiência.

Isso se deve à enorme disponibilidade de informações sobre casos criminais”, afirma. Ele destaca que essa abundância de dados barateia a produção e ajuda as empresas a reduzirem os riscos. Além disso, existe um fator típico do streaming: as plataformas identificam que esse tipo de conteúdo gera forte retenção e passam a recomendá-lo massivamente, gerando ciclos contínuos.

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Impacto Econômico e Produção

No ambiente competitivo do streaming, o true crime oferece aos consumidores uma combinação de forte audiência inicial com excelente desempenho de catálogo, capaz de manter a relevância mesmo meses ou anos após o lançamento. Os crimes verdadeiros são conteúdos que não envelhecem na mesma velocidade que a ficção.

Eles podem ser reeditados, ampliados e revisitados. Um exemplo é Ryan Murphy, produtor de cinema e televisão, conhecido por séries como Glee e Monstros. Murphy entrou no true crime oficialmente em 2014, com a série American Crime Story, que destrincha grandes casos da história dos EUA, como o assassinato do estilista Gianni Versace, tendo rendido cerca de US$ 341 milhões para a Netflix até 2023 com séries como The Watcher e Monstros, claro.