Tribunal britânico decide sobre responsabilidade da BHP no caso Mariana. Análise do advogado Ingo Sarlet sobre o impacto no Brasil.
Uma decisão recente da Corte britânica gerou discussões sobre as possíveis consequências para empresas nacionais com operações internacionais. O advogado e professor da PUC-RS, Ingo Sarlet, comentou sobre o caso em um seminário realizado pelo Poder360 na terça-feira, 9 de dezembro de 2025.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Sarlet argumentou que a decisão inglesa não representava uma violação da soberania brasileira. Ele explicou que a vulnerabilidade ocorreria se empresas estrangeiras pudessem causar danos significativos no Brasil sem a possibilidade de serem responsabilizadas legalmente.
O professor enfatizou que o impacto ambiental é um problema que transcende fronteiras. Ele ressaltou que restringir ações judiciais internacionais dificultaria a responsabilização por danos ambientais.
O seminário contou com a participação do embaixador aposentado Rubens Barbosa e do professor José Augusto Fontoura, especialista em Direito do Comércio Internacional da Faculdade de Direito da USP.
O caso em questão surgiu a partir de uma ação movida por brasileiros afetados pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), contra a BHP, empresa australiana com uma sucursal no Reino Unido. A BHP não era a proprietária direta da estrutura, mas gerenciava a Samarco, uma joint venture entre a australiana e a Vale.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A juíza Finola O’Farrell, responsável pelo caso, considerou a BHP diretamente ou indiretamente responsável pela atividade poluidora e pelo armazenamento de rejeitos de minério de ferro.
“Como poluidora, a BHP é responsável objetivamente pelos danos causados ao meio ambiente e a terceiros pelo rompimento da barragem”, conforme consta no relatório da ação. O documento está disponível em formato PDF (199 kB) em inglês.
Em novembro, o Tribunal Superior de Londres decidiu que a BHP era responsável pelo rompimento da barragem e deveria ressarcir as vítimas. O valor a ser pago será definido em um novo julgamento, cuja data ainda não foi estabelecida.
A tragédia resultou em 19 mortos, causou o deslocamento de milhares de pessoas e gerou sérios danos ambientais na bacia do Rio Doce.
Autor(a):
Responsável pela produção, revisão e publicação de matérias jornalísticas no portal, com foco em qualidade editorial, veracidade das informações e atualizações em tempo real.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Fique por dentro das últimas notícias em tempo real!