Tokenização redefine o sistema financeiro com bancos e fintechs explorando ativos digitais. Desafios da interoperabilidade e confidencialidade de dados surgem, exigindo soluções inovadoras. Projetos como mBridge e EBSI buscam conciliar segurança e transparência, impulsionando a evolução global do mercado financeiro
A tokenização emergiu como uma força central na transformação digital do sistema financeiro, impulsionada pela experimentação tecnológica. O movimento, que visa reestruturar os mercados com bancos, fintechs e infraestruturas de liquidação explorando ativos digitais, enfrenta desafios cruciais: a interoperabilidade entre diferentes redes e a confidencialidade dos dados que circulam nelas.
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A capacidade de conciliar ambos os aspectos é fundamental para que a tokenização alcance o status de infraestrutura global confiável e regulamentada. A busca por essa combinação representa um passo crucial para a evolução do mercado financeiro, impulsionando a eficiência e a segurança.
O ecossistema de tokenização ainda é marcado por uma fragmentação estrutural, com redes públicas, privadas e permissionadas coexistindo sem padrões consolidados de interoperabilidade. Essa falta de padronização gera ilhas de inovação isoladas, resultando em ineficiência e perda de liquidez.
Um ativo tokenizado em uma rede privada, por exemplo, não pode ser usado diretamente como colateral ou liquidado em outro ambiente sem a criação de pontes intermediárias, aumentando custos e riscos. Essa desconexão anula parte dos benefícios prometidos pela tokenização: agilidade, rastreabilidade e automação.
A interoperabilidade é crucial, mas a proteção de dados é igualmente imperativa. O blockchain foi concebido sobre o princípio da transparência total, e essa característica se torna um ponto sensível em ambientes financeiros regulados. Instituições financeiras operam sob regimes de confidencialidade que não permitem a exposição pública de informações de clientes, portfólios ou contratos.
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A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e normas equivalentes, como o GDPR europeu, impõem limites rigorosos sobre o tratamento e compartilhamento de informações. O dilema é técnico e regulatório: como manter auditoria e rastreabilidade sem violar o sigilo.
A busca por interoperabilidade com confidencialidade já é evidente em iniciativas internacionais de tokenização. O projeto mBridge, conduzido por bancos centrais da China, Tailândia, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos, criou uma infraestrutura multi-CBDC capaz de processar liquidações transfronteiriças com confidencialidade embutida.
A European Blockchain Services Infrastructure (EBSI), apoiada pela União Europeia, segue um caminho semelhante, conectando redes públicas e privadas em um ecossistema de confiança compartilhada. Esses exemplos demonstram que o avanço da tokenização em escala global depende da capacidade de criar redes interconectadas, auditáveis e discretas ao mesmo tempo.
Superar o dilema entre interoperabilidade e confidencialidade exige uma abordagem sistêmica que combine tecnologia, governança e regulação. Três elementos são centrais nessa construção: Padrões tecnológicos abertos, frameworks de governança e privacidade e infraestruturas neutras e auditáveis.
Esses pilares dão origem a uma nova geração de frameworks de interoperabilidade e privacidade capazes de conciliar requisitos regulatórios com inovação tecnológica. Neles, a segurança dos dados e a transparência das transações deixam de ser opostos e passam a coexistir dentro de um mesmo modelo de confiança.
Ao adotar padrões interoperáveis e confidenciais, o mercado reduz custos operacionais, aumenta eficiência e torna o compliance automatizado uma extensão natural da operação. Essa é a chave para transformar o blockchain corporativo de promessa em infraestrutura.
A tokenização entrou em uma nova fase: deixou de ser prova de conceito para se tornar arquitetura crítica de sistemas financeiros modernos. O futuro da tokenização não será apenas sobre conectar redes, mas sim sobre conectar redes que confiam umas nas outras.
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