Testes rápidos de metanol em bebidas são discutidos na Câmara de SP

Vereadores propõem medida que exige bares adotarem práticas de segurança; notificações por intoxicação aumentam drasticamente. Saiba mais no Poder360.

04/10/2025 13:33

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Testes rápidos de metanol em bebidas são discutidos na Câmara de SP
(Imagem de reprodução da internet).

Vereadores Propõem Teste Rápido para Identificar Metanol em Garrafas

Os vereadores Renata Falzoni (PSB-SP) e João Jorge (MDB-SP) apresentaram um projeto na Câmara Municipal de São Paulo que exige a realização de testes rápidos para detectar a presença de metanol em garrafas comercializadas. A iniciativa visa combater a adulteração de bebidas alcoólicas e proteger a saúde dos consumidores.

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Suspeitas de Intoxicação por Metanol Aumentam no Brasil

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou que o Brasil registra 116 suspeitas de intoxicação por metanol em 12 estados. Até o momento, 11 casos foram confirmados. A situação tem gerado preocupação entre autoridades e especialistas em saúde.

“Protocolo Bebida Segura”: Proposta de Fiscalização e Prevenção

Os autores do projeto batizaram a proposta como “Protocolo Bebida Segura”. O projeto estabelece medidas de fiscalização por órgãos competentes, como a Vigilância Sanitária, a Polícia Civil, o Ministério Público e outros. A proposta busca garantir a segurança das bebidas alcoólicas e prevenir intoxicações.

Métodos Rápidos para Detecção de Metanol

Diversos estudos brasileiros desenvolveram métodos rápidos para detectar o metanol nas bebidas alcoólicas. A Unesp (Universidade Estadual Paulista), por exemplo, patenteou em 2022 um método capaz de identificar adulterações em cerca de 25 minutos, com um custo de R$ 15 por unidade. Essa tecnologia pode ser fundamental para a detecção precoce de problemas.

Medidas Preventivas e de Rastreabilidade

O texto dos vereadores também determina medidas preventivas de rastreabilidade e protocolos de notificação imediata, além de verificação da procedência das bebidas. A proposta visa garantir a segurança da cadeia produtiva e a proteção dos consumidores.

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Investigações sobre Intoxicações em São Paulo

Na capital paulista, a Polícia Civil de São Paulo e a Polícia Federal investigam se os casos de intoxicação têm origem em garrafas de bebidas destiladas higienizadas com metanol. A suspeita é que fábricas clandestinas utilizam a substância – ou etanol adulterado com metanol – para limpar recipientes antes do envase.

O que é Metanol?

O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. Trata-se de um álcool simples, incolor, de odor semelhante ao da bebida alcoólica comum. No passado, era chamado de “álcool da madeira” por ser obtido da destilação de toras. Hoje, é produzido em escala industrial, sobretudo a partir do gás natural.

Dosagem Letal e Efeitos no Organismo

A ingestão de 4 ml a 10 ml de metanol pode causar danos irreversíveis, como a cegueira, segundo o CFQ (Conselho Federal de Química). O conselho alerta que pequenas doses já representam uma ameaça real à vida. Estima que 30 ml de metanol puro podem ser letais. Os efeitos no organismo incluem: respiração acelerada, aumento da frequência cardíaca, dor abdominal persistente e danos à visão, que podem evoluir para cegueira irreversível.

Diagnóstico e Tratamento

De acordo com a Abno (Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia), o diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem. Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves. O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.

Risco da Adulteração e Prevenção

Segundo o Conselho Federal de Química, o problema surge quando o metanol é usado de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas. A ingestão, inalação ou contato prolongado com o metanol pode provocar sintomas imediatos, como náusea, tontura, vômito e depressão do sistema nervoso central. Para evitar intoxicações, recomenda-se verificar a procedência das bebidas compradas, desconfiar de preços muito abaixo do mercado e não consumir produtos sem registro oficial.

Fiscalização e Conscientização

A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias. Eles têm o papel de identificar contaminantes, garantir a qualidade dos produtos e conscientizar a população sobre os riscos do consumo de bebidas adulteradas.

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