Testes rápidos de metanol em bebidas discutidos na Câmara de SP
Vereadores propõem medida que exige bares adotarem práticas de prevenção; notificações por intoxicação sobem drasticamente. Saiba mais no Poder360.

Vereadores Propõem Teste Rápido para Identificar Metanol em Garrafas
Os vereadores Renata Falzoni (PSB-SP) e João Jorge (MDB-SP) apresentaram um projeto na Câmara Municipal de São Paulo que exige a realização de testes rápidos para detectar a presença de metanol em garrafas comercializadas. O objetivo é combater a adulteração de bebidas alcoólicas e proteger a saúde dos consumidores.
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Investigação Sobre Intoxicações por Metanol
O Brasil registra 116 suspeitas de intoxicação por metanol em 12 estados, com 11 casos confirmados. A Polícia Civil de São Paulo e a Polícia Federal investigam se os casos de intoxicação estão relacionados a garrafas de bebidas destiladas que foram higienizadas com metanol. A suspeita é que fábricas clandestinas utilizam a substância – ou etanol adulterado com metanol – para limpar os recipientes antes do envase.
Métodos de Detecção Rápida
A revista Veja informa que os autores do projeto chamaram a proposta de “Protocolo Bebida Segura”. A proposta prevê fiscalização por órgãos competentes, como a Vigilância Sanitária, a Polícia Civil, o Ministério Público e outros. Estudos brasileiros já desenvolveram métodos rápidos para detectar o metanol nas bebidas alcoólicas. A Unesp (Universidade Estadual Paulista), por exemplo, patenteou em 2022 um método capaz de identificar adulterações em cerca de 25 minutos, com um custo de R$ 15 por unidade.
O Que é Metanol?
O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. É um álcool simples, incolor, com odor semelhante ao da bebida alcoólica comum. No passado, era chamado de “álcool da madeira” por ser obtido da destilação de toras. Hoje, é produzido em escala industrial, sobretudo a partir do gás natural. O líquido é usado como matéria-prima para a produção de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas. Também está presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. No Brasil, uma das principais aplicações é na produção de biodiesel, por meio da transesterificação.
Dosagem Letal e Efeitos no Organismo
A ingestão de 4 ml a 10 ml de metanol pode causar danos irreversíveis, como a cegueira, segundo o CFQ (Conselho Federal de Química). O conselho alerta que pequenas doses já representam uma ameaça real à vida. Estima que 30 ml de metanol puro podem ser letais. O perigo maior da ingestão de metanol aparece nos efeitos tardios, afirma o Conselho Federal de Química. O metanol é metabolizado no organismo em formaldeído e ácido fórmico, este último responsável por causar acidose metabólica — um grave desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem: respiração acelerada, aumento da frequência cardíaca, dor abdominal persistente e danos à visão, que podem evoluir para cegueira irreversível.
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Diagnóstico e Tratamento
De acordo com a Abno (Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia), o diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem. Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves. O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.
Risco da Adulteração e Prevenção
Segundo o Conselho Federal de Química, o problema surge quando o metanol é usado de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas. A ingestão, inalação ou contato prolongado com o metanol pode provocar sintomas imediatos, como náusea, tontura, vômito e depressão do sistema nervoso central. Recomenda-se verificar a procedência das bebidas compradas, desconfiar de preços muito abaixo do mercado e não consumir produtos sem registro oficial. A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias.