Depoimentos no Supremo expõem cenário protetor para Banco Central. Ailton Aquino, do Banco Central, não foi questionado. Daniel Vorcaro e Paulo Roberto Costa apresentaram contradições. Janaina Palazzo omitiu detalhes do contrato com Viviane Barci de Moraes. Ministro Toffoli acompanhou remotamente, buscando proteger o Banco Central
Os depoimentos de três personagens-chave no caso do Banco Master, conduzidos dentro do Supremo Tribunal Federal na terça-feira, 30 de dezembro de 2025, revelaram um cenário complexo e, em grande parte, protetor para o Banco Central. O diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton Aquino, não enfrentou questionamentos relevantes, enquanto o fundador do Master, Daniel Vorcaro, e o ex-presidente do BRB, Paulo Roberto Costa, apresentaram contradições e dificuldades em responder a perguntas da delegada da Polícia Federal, Janaina Palazzo.
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O Poder360 apurou que o ministro Dias Toffoli acompanhou remotamente os depoimentos, buscando, em princípio, preservar o Banco Central.
A acareação, que envolvia a confrontação direta entre os depoentes, não se caracterizou por perguntas beligerantes que pudessem imputar responsabilidades ao Banco Central. A delegada Janaina Palazzo não fez menção a certos pontos, como o contrato de R$ 131.275.071,72 com Viviane Barci de Moraes, evidenciando uma estratégia para proteger a instituição.
O ministro Toffoli orientou seus assessores a não estender a investigação, demonstrando uma postura protetiva. A relação entre Toffoli e o advogado criminalista Roberto Podval, que acompanhou o depoimento de Vorcaro, revelou um passado de amizade, mas também tensões recentes, com Podval sendo apontado como fonte de comentários críticos ao ministro na mídia.
Os depoimentos de Vorcaro e Costa foram marcados por contradições e omissões. Vorcaro, por exemplo, afirmou que o dinheiro recebido do BRB estava à disposição para ser devolvido, mas posteriormente dissimulou o conhecimento sobre a falta de liquidez nas carteiras de crédito, que vinham de empresas como Tirreno e Cartos.
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Paulo Roberto Costa, por sua vez, negou a devolução do dinheiro e a aceitação de outra carteira de empréstimo sem liquidez. Além disso, a busca e apreensão revelou um bloco de anotações com a frase “Temos de fazer isso antes que o Master quebre”, indicando uma preocupação prévia com a fragilidade da instituição.
A existência de 38 notificações do Fundo Garantidor de Crédito e/ou da Febraban alertando sobre fragilidades nas contas do Banco Master também foi confirmada.
Apesar de publicações que sugeriam um objetivo de Toffoli de desfazer a liquidação do Master, o ministro não teve a intenção de seguir nessa direção. A relação entre Toffoli e Podval, marcada por um episódio em Capri em 2011, evoluiu para tensões recentes, com Podval sendo apontado como fonte de críticas ao ministro na mídia.
A dinâmica dos depoimentos, com a ausência de questionamentos diretos ao Banco Central, reforçou a impressão de que o inquérito estava sendo conduzido para proteger a instituição. O caso do Banco Master, com suas contradições e evidências de irregularidades, permanece sob investigação, com o objetivo final de determinar as responsabilidades envolvidas.
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