Stablecoins: Crescimento Global e Desafios para Governos e Política Monetária

Stablecoins impulsionam sistema financeiro global com US$ 10 bilhões em agosto. Governos enfrentam perda de controle com avanço das moedas digitais.

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Stablecoins: Um Novo Paradigma no Sistema Financeiro Global

As stablecoins, tokens digitais atrelados ao dólar, deixaram de ser uma promessa distante e se consolidaram como um componente estruturante do sistema financeiro global. Elas estão cumprindo um papel real de eficiência econômica, representando uma alternativa com potencial para remodelar o futuro das transações financeiras.

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A Expansão das Stablecoins

Um dos fatores que impulsiona o crescimento das stablecoins é a ausência de IOF e a não retenção de imposto de renda no momento da transação, tornando as movimentações financeiras mais econômicas. Diferentemente das criptomoedas tradicionais, que apresentam alta volatilidade, as stablecoins, por estarem vinculadas a moedas fiduciárias, oferecem maior previsibilidade e segurança para investidores e empresas.

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Dados da Artemis, fornecedora de dados de blockchain, revelam que as transações com stablecoins movimentaram mais de US$ 10 bilhões em agosto deste ano, envolvendo bens, serviços e transferências, com um aumento significativo em relação a fevereiro e um volume superior ao de agosto de 2024.

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Desafios para os Governos

O avanço das stablecoins cria uma situação inédita para os governos: a perda de controle sobre os fluxos financeiros. Ao permitir transferências diretas entre carteiras digitais sem a intermediação de bancos, essas moedas digitais reduzem o papel das instituições financeiras tradicionais e limitam a capacidade das autoridades de supervisionar e rastrear pagamentos.

Isso gera um circuito paralelo de liquidez global, mais ágil, porém menos controlável.

Regulação e Impacto na Política Monetária

Em julho deste ano, os Estados Unidos sancionaram a primeira legislação federal específica para esse tipo de token, exigindo que as stablecoins sejam lastreadas em ativos altamente líquidos, como títulos do Tesouro americano. Entidades como o Banco de Compensações Internacionais (BIS) e o G20 trabalham na definição de diretrizes que tragam maior segurança ao mercado.

No Brasil, o Banco Central já trata a regulação das stablecoins como uma pauta estratégica, observando que aproximadamente 90% das moedas digitais que circulam no país são stablecoins, segundo a Chainalysis, empresa americana especializada em análise de dados de blockchain.

Desafios e Oportunidades

As stablecoins também desafiam a condução da política monetária. Se indivíduos e empresas preferirem moedas digitais atreladas ao dólar em vez das moedas locais, o poder dos bancos centrais de controlar a base monetária e as taxas de juros é reduzido.

Em economias frágeis ou com inflação persistente, o uso crescente de stablecoins pode limitar a eficácia das medidas tradicionais de política econômica. Em alguns contextos, as stablecoins têm sido utilizadas para contornar limitações impostas pelos sistemas convencionais de controle financeiro, o que coloca pressão sobre autoridades monetárias ao redor do mundo.

Conclusão

O papel crescente das stablecoins evidencia uma nova era no mercado financeiro, em que tecnologia e confiança caminham juntas. A grande questão agora não é se as stablecoins vão dominar o sistema financeiro, mas como os governos e instituições vão lidar com essa nova realidade.

A digitalização das finanças define caminhos para um mercado mais moderno, inclusivo e conectado globalmente. Ao mesmo tempo, o setor financeiro é desafiado a evoluir suas práticas, garantindo que inovação e regulamentação avancem de forma equilibrada e sustentável.

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