St Marche: Justiça dá aval-bom e rede capta R$ 90 milhões na recuperação financeira

Rede arrecadou R$ 90 milhões com DIP financing após recuperação extrajudicial, financiamento estruturado para empresas em crise.

13/10/2025 18:04

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St Marche: Justiça dá aval-bom e rede capta R$ 90 milhões na recuperação financeira
(Imagem de reprodução da internet).

Grupo St Marche Homologa Plano de Recuperação Extrajudicial

Com dívidas de 528 milhões de reais, o Grupo St Marche obteve a homologação do seu plano de recuperação extrajudicial pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Essa decisão, confirmada na última sexta-feira, 10, marca o encerramento de uma negociação que se iniciou há menos de seis meses e representa o início de uma nova fase para a rede de supermercados paulista, reconhecida por sua atuação no segmento premium.

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A empresa entrou no processo com uma dívida de 528 milhões de reais. Para enfrentar a situação, captou 90 milhões de reais através de um financiamento estruturado (DIP financing), um modelo comum para empresas com dificuldades financeiras. Uma parte significativa desses recursos foi destinada à normalização de pagamentos e à recomposição dos estoques da empresa.

“Protocolamos a RE em abril e a homologação veio em pouco tempo, se compararmos com os padrões de mercado. Isso demonstra a confiança da cadeia produtiva no plano e na reputação que construímos em 23 anos”, declarou Bernardo Ouro Preto, CEO do Grupo St Marche.

Com a operação estabilizada, a meta atual da empresa é recuperar suas margens de lucro e reconquistar a fidelidade dos clientes, em um cenário de consumo mais seletivo e com custos ainda elevados. Para isso, a St Marche aposta em lançamentos de novos produtos, na reformulação do seu mix de produtos e em ações promocionais durante o quarto trimestre do ano.

A crise enfrentada pela empresa tem suas raízes no período pós-pandemia. Em 2021, o St Marche operava com 21 lojas e um faturamento de 700 milhões de reais. Com juros em níveis baixos e um consumo aquecido, o grupo decidiu acelerar seu plano de expansão. Três anos depois, a rede contava com 32 lojas e um faturamento de 1,3 bilhão de reais.

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No entanto, esse crescimento foi interrompido pelo aumento das taxas de juros, que saíram de patamares históricos de 2% e subiram para os atuais 15%. Esse descompasso entre o crescimento das receitas e o aumento dos custos financeiros pressionou o caixa da empresa.

O pedido de recuperação extrajudicial foi protocolado em abril, mas as negociações com os credores iniciaram-se em fevereiro. A estrutura do acordo envolveu principalmente a dívida financeira (528 milhões de reais), com 275 milhões concentrados em um fundo do banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O plano prevê o alongamento dos pagamentos por até 30 anos, com correção pelo CDI e TR. Em paralelo, o grupo captou 90 milhões de reais por meio de um DIP, liderado pelo BTG e pelo fundo americano L Catterton, que desde 2016 era o controlador do grupo.

A segunda parcela do aporte, que só seria liberada após a homologação, foi antecipada em setembro, antes da aprovação oficial do plano. Parte dos recursos foi utilizada para estabilizar a operação e recompor os estoques. O índice de ruptura da empresa caiu para 10%, abaixo da média do setor, que foi de 13,1% em agosto, segundo dados da Neogrid.

Com a fase jurídica concluída, o foco agora está no consumidor. A rede lançou 200 novos produtos de marca própria, abriu 200 novas vagas nas lojas e implementou uma campanha promocional com o mote “A gente quer te ver sempre”, visando aumentar a frequência de compra e o valor médio das transações.

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