SP: 41 prisões e 2 mortes em operação contra bebidas adulteradas
Força-tarefa interdita 11 estabelecimentos após desabastecimento; Estado confirma 2 mortes por metanol e investiga 7 óbitos.

Prisões de Falsificação de Bebidas Subem no São Paulo
A Polícia Civil de São Paulo registrou 41 prisões em operações contra a falsificação de bebidas até o sábado, 4 de outubro de 2025. O número havia sido de 30 detidos no dia anterior. As operações ocorreram na capital e em cidades vizinhas, incluindo Diadema, Santo André, Jacareí e Jundiaí.
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Segundo a Secretaria da Saúde, o estado contabiliza 162 casos de intoxicação por metanol, com 14 confirmados e 148 notificações em investigação. Entre os óbitos confirmados, há 2 na capital. Outros 7 óbitos suspeitos também estão sob investigação.
Uma força-tarefa, reunindo Polícia Civil, Secretaria da Fazenda, Procon-SP e vigilâncias sanitárias, tem atuado desde a semana passada. Até então, 11 estabelecimentos foram interditados cautelarmente, permitindo a coleta de amostras e a apuração das condições sanitárias de bares, adegas e distribuidoras.
As equipes apreenderam 6.900 garrafas desde 29 de setembro de 2025, além de 78,3 mil rótulos falsificados de diversas marcas.
Casos e Próximos Passos
A Secretaria da Saúde mantém um gabinete de crise para acompanhar os casos confirmados e as investigações. As ações de fiscalização continuam durante o fim de semana.
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O governo estadual reforça a importância de denunciar suspeitas ao Procon-SP e buscar atendimento médico imediato em caso de sintomas como visão turva, dor abdominal intensa, tontura e confusão mental após o consumo de bebidas alcoólicas.
Brasil em Alerta
O Ministério da Saúde informou que o Brasil tem 195 casos de intoxicação por metanol após a ingestão de bebida alcoólica, com 14 confirmados e 181 em investigação. Os casos se concentram em São Paulo (162), Pernambuco (11), Mato Grosso do Sul (5), Paraná (3), Bahia (2), Goiás (2), Rio Grande do Sul (2), Distrito Federal (1), Espírito Santo (1), Minas Gerais (1), Mato Grosso (1), Rondônia (1), Piauí (1), Rio de Janeiro (1) e Paraíba (1).
Dos 13 casos que resultaram em morte, sete estão em São Paulo, três em Pernambuco e um em Bahia e Mato Grosso do Sul.
Monitoramento e Resposta Nacional
Diante do aumento e da gravidade dos casos, o Ministério da Saúde orientou que os Estados e municípios notifiquem imediatamente todas as suspeitas de intoxicação por metanol. Foi instalada uma sala de situação para monitorar os casos e permanecerá ativa enquanto houver risco sanitário e necessidade de monitoramento e resposta nacional.
O que é Metanol?
O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. É um álcool simples, incolor, de odor semelhante à bebida alcoólica comum. Era chamado de “álcool da madeira” por ser obtido da destilação de toras. Hoje, é produzido em escala industrial, sobretudo a partir do gás natural.
Efeitos no Organismo
A ingestão de 4 ml a 10 ml de metanol pode causar danos irreversíveis, como a cegueira. Pequenas doses já representam uma ameaça real à vida. Estima-se que 30 ml de metanol puro podem ser letais. O metanol é metabolizado no organismo em formaldeído e ácido fórmico, este último responsável por causar acidose metabólica — um grave desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem: respiração acelerada, aumento da frequência cardíaca, dor abdominal persistente e danos à visão, que podem evoluir para cegueira irreversível.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem. Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves. O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.
O Problema da Adulteração
O problema surge quando o metanol é usado de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas. A ingestão, inalação ou contato prolongado com o metanol pode provocar sintomas imediatos, como náusea, tontura, vômito e depressão do sistema nervoso central.
Prevenção e Controle
Para evitar intoxicações, recomenda-se verificar a procedência das bebidas compradas, desconfiar de preços muito abaixo do mercado e não consumir produtos sem registro oficial. A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias.