Sextorsão digital entre jovens: o risco discreto à saúde sexual

O incremento nos casos de sextorsão digital expõe adolescentes a riscos de chantagem, afetando sua privacidade sexual, bem como sua saúde mental e emoci…

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(Imagem de reprodução da internet).

A sextorsão, ou extorsão sexual, é uma modalidade de crime cibernético que se caracteriza pela ameaça de divulgação de imagens de conteúdo sexual da vítima, visando forçá-la a cumprir as exigências do agressor, que podem incluir submissão, controle da vítima, práticas sexuais forçadas ou extorsão financeira. A chantagem sexual praticada pelo agressor, que exige que a vítima exiba ou compartilhe, online, imagens de natureza sexual, constitui o abuso sexual com base em imagens (ASBI).

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O ASBI designa a obtenção, produção ou divulgação não consentida de imagens que expõem a intimidade corporal ou sexual de uma pessoa, por meio de fotografias ou vídeos. A sextorsão constitui uma forma de ASBI, assim como a coerção para o sexting, que consiste em pressionar, amedrontar ou compelir alguém a compartilhar suas imagens íntimas; o deepfake, utilização de inteligência artificial para gerar imagens sexualizadas falsas ou modificadas digitalmente; e o cyberflashing, o envio não solicitado e indesejado de imagens sexualmente explícitas.

Diversos perfis de agressores podem praticar a sextorsão, incluindo parceiros íntimos abusivos e controladores, conhecidos da vítima ou desconhecidos, além de criminosos, todos empregando meios ilícitos para obter material destinado à exploração sexual e exercer poder e controle coercitivo sobre a vítima. Nesses casos, os perpetradores utilizam a sextorsão para induzir a vítima a compartilhar imagens íntimas e, em seguida, chantageá-la em troca de dinheiro.

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Indivíduos que praticam violência sexual empregam sites e aplicativos de relacionamento, além de redes sociais, para estabelecer contato com as vítimas, conduzindo ataques a pessoas emocionalmente frágeis por meio de encontros românticos falsos. Sem hesitação, a vítima se envolve no compartilhamento de instantes e imagens íntimas, bem como comunicação sexual online, que serão utilizados como prova para a extorsão. Desta forma, ela se submete à chantagem do agressor por receio da divulgação.

Um estudo envolvendo 1.385 adolescentes que sofreram sextorsão demonstrou que quase 60% eram menores de idade no momento da ocorrência e conheciam os agressores, geralmente como parceiros românticos. Desses, 75% forneceram imagens de forma voluntária, porém 67% relataram ter se sentido coagidos a compartilhá-las; um terço enfrentou ameaças de agressão física e intimidação por longos períodos; 50% não informou os incidentes e poucos buscaram ajuda na polícia ou em sites especializados. Em comparação com adultos, os adolescentes foram mais vulneráveis à violência e, com maior frequência, foram incentivados à autolesão.

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É crucial adotar medidas protetivas contra a sextorsão, notadamente em adolescentes, adultos jovens e indivíduos emocionalmente vulneráveis.

Lucia Alves S Lara – CRM 123389/SP, RQE 0415/1997. Mestre e Doutora pela USP, coordenadora do Serviço de Saúde do setor de Reprodução Humana da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP, Vice-Presidente da Comissão Nacional Especializada de SEXOLOGIA da FEBRASGO.

Fonte por: Jovem Pan

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