Setor Imobiliário Brasileiro lidera descarbonização das cidades com avanços em eficiência energética e matriz limpa. O Brasil se destaca na redução de emissões, impulsionado por dados confiáveis e transparência na cadeia de suprimentos
O setor imobiliário brasileiro apresenta uma oportunidade histórica para liderar a descarbonização das cidades e impulsionar uma nova economia urbana, resiliente e de baixa emissão de carbono. Essa posição estratégica se justifica não apenas pela responsabilidade de transformação do território, mas também por vantagens estruturais que conferem ao Brasil e ao setor uma posição de destaque no desafio climático global.
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Quatro pilares técnicos sustentam essa liderança:
O Brasil se destaca entre os países com menor consumo de energia per capita. De acordo com o Atlas de Eficiência Energética da EPE (2023), em 2019, o país ocupava a 54ª posição entre 56 nações avaliadas em termos de Demanda de Energia Primária (DEP).
Esse indicador demonstra um consumo menor de energia por pessoa para sustentar as atividades, com consequente menor emissão associada à energia – um diferencial crucial no enfrentamento das mudanças climáticas.
Entre 2005 e 2022, o setor residencial brasileiro apresentou uma evolução notável. O índice ODEX, que mede o desempenho, caiu de 100 para 80,1 – uma melhoria de 20%. Esse resultado é o melhor entre todos os setores da economia brasileira, indicando que as habitações consomem menos energia para oferecer o mesmo conforto, um avanço silencioso, mas crucial do ponto de vista climático.
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Com 84,8% da eletricidade proveniente de fontes renováveis, o Brasil possui uma matriz elétrica mais limpa que a dos países da OCDE (27%) e a média global (23%). Isso significa que, mesmo quando há consumo elétrico, a pegada de carbono associada é menor, fator que coloca o Brasil à frente de outras nações.
O uso de energia no setor residencial tem passado por um processo acelerado de eletrificação – substituindo fontes fósseis, como o gás de cozinha, por eletricidade limpa. Entre 2005 e 2022, a participação da eletricidade no consumo residencial cresceu de 52% para 65%, enquanto a demanda total caiu, refletindo a maior eficiência dos equipamentos e a substituição de combustíveis por fontes renováveis.
Estudos da POLI-USP mostram que apenas cerca de 30% das emissões do setor de habitação residencial popular são oriundas da fase de operação. O restante – 70% – decorre da fase de construção. Isso indica que a maior parte das emissões da incorporação imobiliária está associada à cadeia de suprimentos.
O Inventário Setorial de Gases de Efeito Estufa da Incorporação Imobiliária, desenvolvido pela ABRAINC em parceria com Secovi-SP e SindusCon-SP, no âmbito da Aliança GEE, revelou que 97,4% das emissões são de fornecedores, sobretudo na produção de materiais de construção.
Para garantir a descarbonização, é fundamental a disponibilização das Declarações Ambientais de Produto (EPDs) pelos fabricantes de insumos e sistemas construtivos. As EPDs quantificam os impactos ambientais de um produto ao longo de seu ciclo de vida.
Sem esse detalhamento, é impossível tomar decisões baseadas em dados concretos de carbono incorporado nos projetos. Apenas com uma mensuração e divulgação de emissões – em linguagem técnica padronizada e verificável – será possível avançar no desenho de empreendimentos orientados à redução da pegada de carbono.
Descarbonizar é, antes de tudo, conhecer, e isso exige dados confiáveis.
Com uma matriz energética limpa, ganhos reais em eficiência e pegada operacional bem menor que a média global, o Brasil já constrói com menor impacto. O que falta agora é dar visibilidade aos números, transformar informação em ação e envolver toda a cadeia de produção na jornada para cidades mais sustentáveis. Às vésperas da COP30, podemos mostrar ao mundo que o Brasil tem no setor da incorporação imobiliária um motor de crescimento sustentável, que concilia desenvolvimento urbano com responsabilidade climática.
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