Setembro Amarelo: Mãe transforma dor em livro e alerta sobre prevenção de suicídio

Aumento Alarmante de Tentativas de Suicídio entre Adolescentes no Brasil

Uma pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) revelou um cenário preocupante no Brasil: a cada dez minutos, um adolescente entre 10 e 19 anos busca atendimento médico devido a tentativas de suicídio ou autolesões. Os dados, coletados através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), abrangem ocorrências registradas por serviços de saúde, escolas e centros de assistência social, seguindo protocolos locais. Este dado, que se repete nos últimos dois anos com uma média de 137 atendimentos diários nessa faixa etária, envolve tanto casos de violência autoprovocada quanto tentativas de suicídio.

O Impacto Profundo do Suicídio

O suicídio transcende os números, afetando profundamente quem convive com a angústia, suas famílias e comunidades. Especialistas, como a doutora Daniela Tonelloto, neuropsicóloga da USP que perdeu seu filho para o suicídio, enfatizam a importância de lidar com a dor e abrir espaços para diálogo. A neuropsicóloga, autora do livro “Entre Parênteses – A Dor é Proporcional ao Amor” (Artêra Editora), destaca que lançar o livro no Setembro Amarelo é um ato de memória, amor e cuidado, transformando a dor da perda em um diálogo sobre luto, saúde mental e prevenção do suicídio, buscando tocar outras pessoas que sofrem em silêncio. Ela acredita que quebrar tabus e direcionar a discussão é fundamental.

Fatores de Vulnerabilidade e a Importância da Prevenção

Daniela Tonelloto, também professora em pós-graduação em neuropsicologia do Instituto de Psiquiatria da USP (IPq), escreveu o livro “Entre Parênteses – A Dor é Proporcional ao Amor”, com base em suas pesquisas sobre depressão, suicídio e luto. Ela identificou sinais de fatores que tornam adolescentes e jovens adultos especialmente vulneráveis, como a fase de desenvolvimento cerebral, pressões acadêmicas e sociais, desigualdades, isolamento, uso excessivo de redes sociais e incertezas. A especialista ressalta que a prevenção é fundamental, enfatizando a necessidade de acolher qualquer sofrimento e levá-lo a sério.

Aconselhos aos Pais e a Importância da Escuta

Para pais preocupados com seus filhos ou conhecidos que possam estar passando por um sofrimento intenso, a neuropsicóloga aconselha a escuta. “O mais importante é estar presente de verdade. Muitas vezes, eles nem esperam que você diga algo; apenas precisam ser escutados”, afirma. A neuropsicóloga, que passou por uma experiência dolorosa com o filho, enfatiza que o suicídio nunca tem uma única causa, sendo multifatorial. Ansiedade e depressão são sinais importantes, mas não explicam tudo. É preciso ficar atento aos indícios de que a dor emocional está se tornando insuportável: falas de desesperança, isolamento, mudanças de comportamento, perda do interesse pela vida.

Conclusão: A Esperança em um Diálogo Aberto

Daniela Tonelloto reforça que conversar sobre o assunto é uma medida de cuidado coletivo. Ela explica que seu livro é uma forma de ajudar na prevenção desta problemática. “Para quem estiver se sentindo desesperançoso, é importante lembrar que o suicídio é uma decisão definitiva para algo que é transitório; nenhuma dor ou angústia dura para sempre”, finaliza. A neuropsicóloga, ao compartilhar sua própria experiência, espera que sua história possa iluminar caminhos de esperança e empatia para quem sofre e ajude a mudar o destino de alguém e de algumas famílias.

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