Senador Mourão alerta para crise de suicídio no agro gaúcho: “25 vidas”
Taxa de mortes no campo é alarmante: estudo da UFBA aponta 20,5 óbitos por 100 mil habitantes, quase o dobro da média nacional.

Crise Silenciosa no Agro Gaúcho: Suicídios e Desespero
O campo gaúcho, tradicionalmente associado à força e resiliência, enfrenta hoje uma crise emocional e financeira de grande magnitude. O número de suicídos entre produtores rurais tem aumentado preocupantemente, evidenciando um cenário de sofrimento, dívidas e a falta de apoio adequado.
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Produtores rurais, frequentemente vistos como símbolos de resistência, têm encarado desafios sem precedentes. Um estudo do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA aponta para uma taxa de suicídios no campo de 20,5 por 100 mil habitantes, quase o dobro da média nacional. Entre 2010 e 2019, mais de 1.500 trabalhadores rurais perderam a vida devido ao uso de defensivos agrícolas, um retrato trágico de um grito de socorro abafado pela solidão e pela ausência de políticas públicas eficazes.
No Rio Grande do Sul, a situação é agravada. O estado tem sofrido com enchentes históricas e secas severas, causando prejuízos estimados em R$ 88,9 bilhões para o agronegócio em 2024. Esse colapso econômico, combinado com juros elevados e endividamento crescente, tem colocado milhares de famílias em situação de desespero. O senador Hamilton Mourão (Republicanos) tem cobrado medidas urgentes do governo para auxiliar o setor.
“É urgente! O agro gaúcho clama por socorro! Até o momento, 25 vidas foram interrompidas, ceifadas pelo abandono e pela indiferença do governo. Essas pessoas desistiram da luta, pois não viam mais motivos para manter suas vidas. Não se trata de doenças ou acidentes, mas da falta de perspectiva daqueles que sofrem com as dívidas, enquanto seu trabalho é penhorado e apreendido”, declarou Mourão.
Especialistas apontam que o isolamento geográfico, o aumento das dívidas, eventos climáticos extremos e a falta de acesso à saúde mental criam um ambiente propício ao sofrimento psicológico. O uso frequente de agrotóxicos também tem sido associado a efeitos negativos na saúde mental, elevando a vulnerabilidade à depressão e à ansiedade.
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Mourão ressaltou a força dos produtores gaúchos, mas destacou que o desespero os tomou diante das incertezas do setor. “É preciso que todos compreendam: os gaúchos, homens e mulheres do campo, são rústicos, calejados e acostumados com a dureza do trabalho e das intempéries. Para colocá-los em uma situação de franco desespero, algo de muito sério está ocorrendo. A MP nº 1314, para a qual muito trabalhei na articulação, prometeu socorro ao agro gaúcho, mas as pessoas não veem os recursos efetivamente chegarem para todos. Segue difícil o acesso ao crédito para aqueles bravos que alimentam o Brasil e parte do mundo. Precisamos de esperança, mas a inação e o silêncio governamentais estão minando a vida dos produtores gaúchos, fazendo com que percam a própria esperança”, desabafou o senador.