Prisão de Presidente da Conafer em Investigação do INSS
Após ser preso em flagrante na madrugada da terça-feira (30), durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi posteriormente liberado após pagamento de fiança.
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), deu a voz de prisão, cerca de 9 horas após o depoimento, alegando falso testemunho, conforme o artigo 342 do Código Penal.
Subseção: Primeira Prisão e Contradições
Esta é a segunda prisão relacionada ao colegiado. Rubens Oliveira – apontado pela Polícia Federal como intermediário de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS” – foi o primeiro a ser preso na semana passada.
O presidente da Conafer foi chamado como testemunha, sob a condição de dizer a verdade. A CPMI advertiu o depoente desde o início de sua obrigação legal.
Durante a sessão, constatou-se que o depoente omitiu informações deliberadamente, entrou em contradição em várias delas, e manteve essas afirmações mesmo após ser questionado novamente pelo relator e pelos membros da comissão.
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“Essas contradições configuram mentira deliberada e ocultação de informações com o intuito de prejudicar as investigações desta comissão”, argumentou Viana.
Subseção: Omissões e Contradições na Testemunha
Uma das omissões apontadas por membros da CPMI foi a resposta dada por Lopes ao relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Lopes disse não saber quem era o sócio da Santos Agroindustria Atacadista e Varejista, empresa que recebeu R$ 800 milhões, segundo o relator.
O sócio em questão é Cícero Marcelino, funcionário da Conafer. Cícero Marcelino foi alvo de operação da Polícia Federal em maio e é apontado como operador financeiro da Conafer, tendo recebido mais de R$ 100 milhões do INSS.
Ele também é suspeito de ter comprado veículos de alto valor com recursos da fraude aos aposentados. Após isso, Lopes admitiu conhecer Marcelino, mas negou que ele fosse funcionário da Conafer.
“Cícero sempre foi um fornecedor de bens e serviços da Conafer por mais de 15 anos. E pegou essa pecha aí de falar que assessor – assessor são os egos da amizade, né? Como nós todos vimos aqui. É o querido, é o amigo”, afirmou.
Subseção: Impacto da Conafer e Descontos Ilegais
A Conafer é a segunda entidade associativa com mais descontos nas mensalidades dos aposentados. A investigação da Polícia Federal aponta que esses descontos eram ilegais sem autorização dos pensionistas, por isso a Conafer entrou na mira das apurações.
Em um intervalo de seis anos, entre 2019 e 2024, a Conafer registrou um crescimento de mais de 790 vezes nos descontos de aposentados e pensionistas do INSS. O valor acumulado no período atingiu R$ 688 milhões.
De origem indígena, o presidente da confederação, Carlos Roberto Lopes, também é sócio de uma empresa de melhoramento genético de gado e dono de um quiosque que vende artesanato indígena no Aeroporto de Brasília.
*Com informações do Estadão Conteúdo*