Secretário de Estado dos EUA visita o Equador e declara que analisa a possibilidade de criação de uma base militar no país

Em meio a ações militares dos EUA no Caribe, Marco Rubio discute cooperação para combater o crime no Equador.

04/09/2025 20:33

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US Secretary of State Marco Rubio (L) and Ecuador's President Daniel Noboa shake hands at the Carondelet presidential palace in Quito, on September 4, 2025. US Secretary of State Marco Rubio discussed bolstering security cooperation Thursday in violence-swept Ecuador, as he champions a shoot-first crackdown on the region's criminal groups. (Photo by Jacquelyn Martin / POOL / AFP)
US Secretary of State Marco Rubio (L) and Ecuador's President Da...

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, foi recebido nesta quinta-feira (4) pelo presidente do Equador, Daniel Noboa, em Quito. A visita se dá em um contexto de forte relacionamento entre o governo equatoriano e Washington, sendo Noboa um dos principais apoiadores da administração de Donald Trump na região.

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Rubio chegou à capital equatoriana após visita ao México. O encontro ocorre em um momento em que o Equador enfrenta uma das piores crises de violência de sua história: apenas no primeiro semestre de 2023, foram registrados 4.619 homicídios, o número mais alto da história do país.

Em 9 de janeiro de 2024, Noboa afirmou que o país enfrentava um “conflito armado interno” e decretou a suspensão das garantias constitucionais para a população.

O presidente equatoriano, de forma inesperada, 48 horas antes da chegada do secretário de Estado dos EUA, ordenou a remoção do comando militar que coordenava as operações do “conflito armado interno”. Segundo comunicado oficial do Ministério da Defesa, a mudança se deve a “uma nova fase da guerra que o Equador enfrenta”.

Conforme informações de pessoas ligadas à situação, a nova cúpula militar designada é formada por oficiais que trabalharam como agregados militares nos Estados Unidos ou que desenvolveram parte de seus estudos naquele país. Segundo o ex-vice-ministro da Defesa Felipe Vega de la Cuadra, o movimento dentro das forças armadas estaria relacionado ao aumento da pressão de Washington contra a Venezuela.

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Após se reunir com Noboa, o secretário de Estado dos Estados Unidos concedeu uma coletiva de imprensa na qual anunciou que os EUA declararam oficialmente como organizações terroristas os grupos criminosos conhecidos como Los Choneros e Los Lobos. A decisão havia sido assinada pelo próprio Rubio no início de agosto, mas somente foi publicada em 4 de setembro, coincidindo com a viagem ao Equador.

“Isso traz consigo toda uma série de opções que os Estados Unidos podem implementar por meio de nossas leis”, afirmou. Além disso, anunciou que o Departamento de Estado dos EUA destinará US$ 13,5 milhões para o combate ao narcotráfico no Equador e que o governo Trump está “trabalhando” para alocar outros US$ 6 milhões destinados a drones, com o objetivo de reforçar as capacidades da Marinha. Disse, ainda, que “isso é apenas o começo”.

Rubio também ressaltou que, no diálogo com Noboa, foi considerada a viabilidade de transportar equipamentos militares dos Estados Unidos ao território equatoriano, em cooperação, naturalmente, com o governo, o que propicia trabalhar em conjunto, treinar juntos e lidar com uma ameaça compartilhada.

Rubio declarou que o país “é um ponto muito estratégico” e que, caso o governo equatoriano “convide”, estariam dispostos a analisar a viabilidade da abertura de uma base militar.

Considerando que surge de um aliado e amigo, e é um local estratégico, muito estratégico. Claramente, como país soberano, ele precisa nos convidar e deve ser algo formal, mas vamos analisar de perto.

O Equador proíbe, em sua Constituição (artigo 5º), a instalação de bases militares estrangeiras em seu território. Essa proibição foi estabelecida pelo então presidente Rafael Correa (2007-2017), por meio da Reforma Constitucional de Montecristi, promulgada em 2008. Na ocasião, o país conseguiu que os Estados Unidos desocupassem a base que mantinham na cidade costeira de Manta, que funcionou entre 1999 e 2009.

O governo de Daniel Noboa está conduzindo uma consulta popular que contempla um conjunto de reformas constitucionais. A votação ocorrerá em meados de dezembro e contemplará sete questões. A primeira delas versa sobre a remoção do veto quanto à instalação de bases militares estrangeiras.

Adicionalmente, o pacote de reformas proposto por Noboa contempla a remoção do financiamento governamental aos partidos políticos, a diminuição do número de deputados e o encerramento do Conselho de Participação Cidadã e Controle Social — órgão responsável pela designação das autoridades de controle — entre outras medidas.

Fonte por: Brasil de Fato

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