Secretário de Estado dos EUA visita o Equador e declara que analisa a possibilidade de criação de uma base militar no país
Em meio a ações militares dos EUA no Caribe, Marco Rubio discute cooperação para combater o crime no Equador.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, foi recebido nesta quinta-feira (4) pelo presidente do Equador, Daniel Noboa, em Quito. A visita se dá em um contexto de forte relacionamento entre o governo equatoriano e Washington, sendo Noboa um dos principais apoiadores da administração de Donald Trump na região.
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Rubio chegou à capital equatoriana após visita ao México. O encontro ocorre em um momento em que o Equador enfrenta uma das piores crises de violência de sua história: apenas no primeiro semestre de 2023, foram registrados 4.619 homicídios, o número mais alto da história do país.
Em 9 de janeiro de 2024, Noboa afirmou que o país enfrentava um “conflito armado interno” e decretou a suspensão das garantias constitucionais para a população.
O presidente equatoriano, de forma inesperada, 48 horas antes da chegada do secretário de Estado dos EUA, ordenou a remoção do comando militar que coordenava as operações do “conflito armado interno”. Segundo comunicado oficial do Ministério da Defesa, a mudança se deve a “uma nova fase da guerra que o Equador enfrenta”.
Conforme informações de pessoas ligadas à situação, a nova cúpula militar designada é formada por oficiais que trabalharam como agregados militares nos Estados Unidos ou que desenvolveram parte de seus estudos naquele país. Segundo o ex-vice-ministro da Defesa Felipe Vega de la Cuadra, o movimento dentro das forças armadas estaria relacionado ao aumento da pressão de Washington contra a Venezuela.
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Após se reunir com Noboa, o secretário de Estado dos Estados Unidos concedeu uma coletiva de imprensa na qual anunciou que os EUA declararam oficialmente como organizações terroristas os grupos criminosos conhecidos como Los Choneros e Los Lobos. A decisão havia sido assinada pelo próprio Rubio no início de agosto, mas somente foi publicada em 4 de setembro, coincidindo com a viagem ao Equador.
“Isso traz consigo toda uma série de opções que os Estados Unidos podem implementar por meio de nossas leis”, afirmou. Além disso, anunciou que o Departamento de Estado dos EUA destinará US$ 13,5 milhões para o combate ao narcotráfico no Equador e que o governo Trump está “trabalhando” para alocar outros US$ 6 milhões destinados a drones, com o objetivo de reforçar as capacidades da Marinha. Disse, ainda, que “isso é apenas o começo”.
Rubio também ressaltou que, no diálogo com Noboa, foi considerada a viabilidade de transportar equipamentos militares dos Estados Unidos ao território equatoriano, em cooperação, naturalmente, com o governo, o que propicia trabalhar em conjunto, treinar juntos e lidar com uma ameaça compartilhada.
Rubio declarou que o país “é um ponto muito estratégico” e que, caso o governo equatoriano “convide”, estariam dispostos a analisar a viabilidade da abertura de uma base militar.
Considerando que surge de um aliado e amigo, e é um local estratégico, muito estratégico. Claramente, como país soberano, ele precisa nos convidar e deve ser algo formal, mas vamos analisar de perto.
O Equador proíbe, em sua Constituição (artigo 5º), a instalação de bases militares estrangeiras em seu território. Essa proibição foi estabelecida pelo então presidente Rafael Correa (2007-2017), por meio da Reforma Constitucional de Montecristi, promulgada em 2008. Na ocasião, o país conseguiu que os Estados Unidos desocupassem a base que mantinham na cidade costeira de Manta, que funcionou entre 1999 e 2009.
O governo de Daniel Noboa está conduzindo uma consulta popular que contempla um conjunto de reformas constitucionais. A votação ocorrerá em meados de dezembro e contemplará sete questões. A primeira delas versa sobre a remoção do veto quanto à instalação de bases militares estrangeiras.
Adicionalmente, o pacote de reformas proposto por Noboa contempla a remoção do financiamento governamental aos partidos políticos, a diminuição do número de deputados e o encerramento do Conselho de Participação Cidadã e Controle Social — órgão responsável pela designação das autoridades de controle — entre outras medidas.
Fonte por: Brasil de Fato