São Paulo lidera expansão de ônibus elétricos com 1.000 veículos em operação. BNDES financia R$6 bilhões para a transição. Desafios e aprendizados na jornada
A paisagem urbana de diversas cidades brasileiras está passando por uma mudança significativa, impulsionada pela crescente adoção de ônibus elétricos movidos a bateria. Com cerca de 820 veículos em circulação, esses ônibus verdes e silenciosos representam um aumento de 172% em relação ao final do ano anterior.
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A preferência dos motoristas e passageiros reflete um movimento em direção à redução da poluição do ar e sonora, consolidando uma tendência de modernização no setor de transporte público. Embora a transformação seja mais evidente em São Paulo, a transição em outras capitais avança em um ritmo mais lento.
Em São Paulo, a expansão dos ônibus elétricos é resultado de uma combinação de normas de redução de emissões e apoio financeiro de bancos de fomento, como o BNDES. A Lei de Mudanças Climáticas de 2009, que estabeleceu a descarbonização da frota municipal até 2018, foi um marco fundamental.
A legislação foi atualizada em 2018, elevando a meta para 2038. A prefeitura implementou licitações para o transporte público, incluindo o requisito de descarbonização nos contratos, e, em 2022, proibiu a compra de novos ônibus a combustão. A questão financeira foi resolvida em 2023, com a criação de uma política de subsídios para a compra de ônibus elétricos pelos operadores.
Através de linhas de financiamento de bancos de fomento, a prefeitura bancou a diferença de preço entre os modelos a diesel e elétricos, totalizando R$ 6 bilhões em recursos.
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Apesar dos avanços, o processo enfrentou percalços. Flávia Consoni, especialista da Unicamp, destaca a resistência inicial dos operadores, que questionavam a falta de produção nacional de ônibus elétricos e os atrasos na instalação dos carregadores de baterias, dependentes da concessionária Enel.
A falta de energia suficiente para recarregar os veículos em algumas garagens gerou problemas, mas a prefeitura busca soluções, como a instalação de baterias de grande porte. A meta de adotar ônibus elétricos em 20% da frota até o final de 2024 (2,4 mil veículos) não foi cumprida, mas a cidade superou a marca de 1.000 ônibus elétricos em novembro de 2024, com a meta de chegar a 2.200 veículos até 2028.
Outras capitais também estão em processo de aprendizagem. Salvador possui 8 ônibus elétricos e planeja uma operação de crédito com o Banco Mundial para adquirir mais 100 veículos, buscando atingir 50% da frota BRT com veículos zero emissões até 2028.
O Distrito Federal conta com 6 ônibus elétricos e pretende ter 90 até o final de 2026, com veículos fabricados pela chinesa CRRC. Recife ainda não possui ônibus elétricos em operação, mas iniciou estudos de descarbonização. A Deutsche Welle, emissora internacional, acompanhou de perto a transformação, ressaltando a importância de uma abordagem cuidadosa para evitar os problemas enfrentados em São Paulo.
A experiência paulistana, juntamente com as iniciativas em outras capitais, demonstra um movimento de aprendizado e adaptação. O BNDES continua a lançar editais para apoiar municípios e regiões metropolitanas, tornando-se o maior financiador de ônibus elétricos da América Latina.
A COP30, em Belém, anunciou um novo fundo para apoiar a compra de 1.700 ônibus elétricos. A empresa Eletra, líder no mercado nacional de ônibus elétricos, estima que o Brasil se tornará um dos maiores produtores globais dessa tecnologia, aproveitando a matriz energética limpa do país, a tradição com os trólebus e a vasta frota de ônibus municipais.
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