A Rússia lançou, no domingo (7), sua maior ofensiva aérea contra a Ucrânia desde o início da guerra, um ataque com drones e mísseis que resultou em pelo menos cinco mortos e causou um incêndio na sede do governo em Kiev. Um jornalista da AFP observou chamas no telhado do edifício onde o conselho de ministros se reúne e fumaça em outros pontos da capital ucraniana.

O telhado e os andares superiores sofreram danos por causa de um ataque do inimigo. Os socorristas estão combatendo o incêndio, informou a primeira-ministra, Yulia Sviridenko, no Telegram.

“Vamos restaurar os edifícios. Mas não podemos recuperar as vidas perdidas. O inimigo aterroriza e mata nossa gente todos os dias em todo o país”, afirmou Sviridenko.

O ataque à sede do governo da Ucrânia, um amplo complexo no centro de Kiev, representa o primeiro de seu gênero desde o início do conflito.

Um repórter da AFP observou helicópteros lançando água sobre o telhado, ao mesmo tempo em que os serviços de emergência chegavam ao local. A polícia isolou a área ao redor do edifício. O ataque também causou danos em diversos prédios altos em Kiev, informaram os serviços de emergência.

Leia também:

Juiz Autoriza Divulgação de Registros da Investigação de Ghislaine Maxwell

Papa Leão XIV Urge União Europeia para Solução da Crise na Ucrânia

Tensões EUA-Venezuela: Trump avalia cenários para mudança de Maduro

A Força Aérea Ucraniana relata que a Rússia lançou mais de 800 drones e mísseis contra a Ucrânia durante a noite, o ataque mais extenso desde o início da guerra em fevereiro de 2022. As defesas aéreas conseguiram derrubar ou neutralizar 747 drones e quatro mísseis.

Desde o início da invasão russa, Moscou não demonstrou intenção de interromper sua ofensiva contra esta ex-república soviética, mantendo suas exigências para um acordo de paz, condições que a Ucrânia considera inaceitáveis.

O ataque se produz após diversos países europeus, com a França e o Reino Unido à frente, terem anunciado na quinta-feira o envio de tropas à Ucrânia caso um acordo de paz seja concretizado, garantias de segurança que a Rússia, por sua vez, considerou “inaceitáveis”.

Bebê morto

Jornalistas da AFP registraram explosões na capital durante a madrugada deste domingo. Um ataque a um edifício residencial de nove andares na zona oeste de Kiev ceifou a vida de pelo menos duas pessoas e feriu 18 indivíduos, de acordo com os serviços de emergência. Um dos falecidos é um bebê.

O serviço de resgate da Ucrânia divulgou imagens que exibem o edifício em chamas, com fumaça saindo de sua fachada. Ataques aéreos durante a noite impactaram diversas regiões da Ucrânia, e em Dnipropetrovsk, no coração do país, o oficial militar Serguii Lisak relatou a morte de um homem de 54 anos.

As autoridades ucranianas informaram que uma mulher faleceu na manhã deste domingo em um ataque russo em Zaporizhzhia, no sul, e que um bombardeio na noite de sábado deixou um morto em Sumi, uma região fronteiriça com a Rússia.

A ofensiva aérea ocorreu após mais de vinte países europeus se comprometerem a supervisionar um eventual acordo de paz com tropas no local. Kiev alega que essas garantias de segurança, apoiadas por forças ocidentais, são essenciais para qualquer acordo de paz e para assegurar que a Rússia não ataque o país novamente.

O presidente russo, Vladimir Putin, defende que a presença de forças ocidentais na Ucrânia é inaceitável e que essas tropas seriam um alvo legítimo. Os esforços do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar a guerra não produziram resultados. As forças russas controlam cerca de 20% do território ucraniano.