Rússia impõe limitações aos avisos por telefone via WhatsApp e Telegram
As autoridades russas afirmam que as medidas visam combater tentativas de golpe e acusam os aplicativos de não estarem em conformidade com as exigências…

A Agência Federal de Supervisão de Comunicações da Rússia (Roskomnadzor) anunciou nesta quarta-feira (13) que está implementando bloqueios parciais em chamadas no WhatsApp e no Telegram, os aplicativos de mensagens mais utilizados no país.
A entidade argumenta que a ação é para combater fraudes e extorsões, em face da resistência das empresas em cumprir as exigências das autoridades russas e “adotar medidas de proteção”.
Segundo o Roskomnadzor, o WhatsApp e o Telegram estão sendo utilizados para atividades ilegais. Com base em dados de autoridades policiais e inúmeros pedidos de cidadãos, a entidade alega que os aplicativos de mensagens se tornaram os principais serviços de voz para ludibriar e obter dinheiro de russos, além de incentivá-los a atos de sabotagem e terrorismo.
Informamos que, visando combater criminosos, conforme os documentos das agências de segurança pública, estão sendo tomadas medidas para restringir parcialmente as comunicações nesses aplicativos estrangeiros. Nenhuma outra restrição à sua funcionalidade está sendo introduzida, segundo o comunicado do órgão.
O Ministério do Desenvolvimento Digital da Rússia declarou que o acesso às chamadas no Telegram e no WhatsApp será restabelecido após as empresas cumprirem os requisitos da legislação russa. A pasta acredita que a restrição de chamadas nesses aplicativos terá um efeito positivo na redução do número de chamadas de golpistas.
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Desde domingo (10), usuários do WhatsApp e do Telegram na Rússia começaram a relatar interrupções nas chamadas feitas por meio desses aplicativos.
Ademais, uma pesquisa do Banco Central da Rússia refuta os argumentos do Roskomnadzor e revela que os aplicativos de mensagens não foram os canais primários de tentativas de fraude no país. Conforme o estudo, conduzido em fevereiro de 2025, 45,6% dos golpistas empregaram comunicações móveis (chamadas e mensagens) e somente 15,7% utilizaram aplicativos de mensagens.
O Telegram confirma decisão russa.
Ao comentar sobre a ação das autoridades russas, o Telegram negou que as restrições estejam relacionadas à segurança dos usuários. A empresa afirmou que combate as tentativas de fraude e extorsões em sua plataforma.
O Telegram combate o uso indevido de sua plataforma, abrangendo incitações à sabotagem, violência e fraude. Moderadores, utilizando ferramentas de IA específicas, monitoram ativamente as seções públicas da plataforma e processam denúncias para remover milhões de mensagens maliciosas diariamente, conforme divulgado na nota do serviço de imprensa do Telegram, citada pela agência russa RBC.
Adicionalmente, o Telegram foi o primeiro a implementar configurações detalhadas de privacidade para chamadas, permitindo que cada usuário definisse independentemente de quem receberia as chamadas ou as desativasse completamente.
Verificar se há um impedimento mais abrangente?
O vice-presidente do Comitê de Política de Informação da Duma Estatal, Anton Gorelkin, declarou que “é hora do WhatsApp se preparar para deixar o mercado russo”.
A Meta, controladora do WhatsApp, Facebook e Instagram, foi considerada uma organização extremista na Rússia. A decisão ocorreu em março de 2022, após o início da guerra da Ucrânia, em razão da recusa da empresa em eliminar publicações com ameaças a militares russos no contexto do conflito com Kiev. No entanto, o WhatsApp não foi incluído na legislação sobre extremismo.
Segundo o deputado Anton Gorelkin, o WhatsApp, que pertence à organização extremista Meta, deverá ser incluído na lista de softwares de países inimigos sujeitos a restrições, que o governo russo está desenvolvendo em nome do presidente.
Em 16 de julho de 2025, o Kremlin divulgou uma lista de instruções que o presidente Vladimir Putin ordenou após uma reunião com representantes empresariais no final de maio. Em resposta às reclamações de empresários russos sobre plataformas como Zoom e a Microsoft, Putin propôs “sufocar” os serviços de videoconferência ocidentais que ainda não haviam sido completamente eliminados da Rússia.
Putin ordenou ao governo que apresente uma proposta até 1º de setembro “sobre a implementação de restrições adicionais ao uso de software produzido em países estrangeiros inimigos na Federação Russa (incluindo serviços de comunicação)”.
As restrições surgem em paralelo com os esforços do governo russo na construção de uma rede de mensagens própria. Em julho, foi divulgado que o aplicativo Max se tornaria a plataforma de mensagens “nacional” do país. A partir de 1º de setembro, o aplicativo deverá ser pré-instalado em todos os celulares vendidos oficialmente na Rússia.
O aplicativo de mensagens Max está sendo desenvolvido pela empresa russa VK, a maior rede social do país, semelhante ao Facebook. Seu lançamento oficial ocorrerá antes do final do verão (do hemisfério norte) de 2025.
Fonte por: Brasil de Fato