Romanato Faz Movimento Inesperado na Produção de Panetones

A Romanato, gigante na produção em massa de panetones, está passando por uma transformação notável. A empresa, que por três décadas entregou até 300 mil unidades por dia, agora se concentra em uma linha gourmet de fermentação lenta, um movimento que desafia a lógica da velocidade e do volume.

Essa nova abordagem, com o apoio de especialistas italianos, visa atender a um mercado mais sofisticado, dominado por padarias artesanais. A mudança ocorre após um projeto atrasado pela pandemia, exigindo uma adaptação cultural profunda na empresa.

Desafios e Adaptações

O CEO Romulo Romanato descreve a situação: “Quando você olha para a fábrica e vê que produz 100.000 panetones por turno e de repente precisa fazer 100, ninguém entende”. A empresa, estruturada para linhas contínuas e eficientes, agora precisa desacelerar parte da operação, um choque cultural que exige conscientização da equipe.

O próximo desafio é dobrar a capacidade, com o objetivo de produzir 1 milhão de unidades em 2026.

A Trajetória da Empresa

A história da Romanato começou em uma padaria de bairro, fundada em 1986 por Armando Romanato, pai de Romulo. Os filhos, César e Romulo, não seguiram a profissão familiar, mas após a morte da mãe, ajudaram o pai. O balcão da padaria se tornou o laboratório para o primeiro panetone, criado por acaso em 1993.

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O produto ganhou escala e levou a família a construir uma fábrica em Várzea Paulista, inaugurada em 2001.

O Impacto da Pandemia

A entrada no mercado premium foi planejada há anos, com viagens à Itália para acompanhar fabricantes e padarias especializadas. O projeto foi interrompido pelo lockdown em Milão, que cancelou a viagem de março de 2020. A pandemia fechou a região e interrompeu o projeto, que só foi retomado com treinamento técnico e adaptação de processos.

A fermentação lenta, com máquinas diferentes das de alta produtividade, se tornou um elemento central da nova linha de panetones.

Projeções Financeiras e Próximos Passos

Em 2024, as primeiras fornadas foram testadas em empórios e redes premium, recebendo avaliações positivas em testes da Folha de S.Paulo e do Paladar (O Estado de S. Paulo). A linha Trentasei, com 500 mil unidades de fermentação lenta, representa um investimento de 250 milhões de reais em faturamento total, com 140 milhões de reais provenientes de panetones.

A expectativa é de um crescimento de 30% em relação a 2024. A Romanato planeja expandir sua oferta com bolos, cookies, biscoitos e pães de longa fermentação, buscando atender a empórios e pontos de venda qualificados.

Conclusão

A Romanato demonstra uma capacidade notável de adaptação, transformando-se de uma gigante da produção em massa para uma empresa focada em produtos gourmet e de alta qualidade. A jornada da empresa, que começou em uma padaria de bairro, é um exemplo de resiliência e inovação, com o objetivo de conquistar um mercado mais sofisticado e diversificado.