Rodrigo Paz e Tuto Quiroga são os candidatos que competem pela presidência da Bolívia no segundo turno

Herdeiro de ex-presidente e ex-acolhido de ditador disputam disputa acirrada no segundo turno nacional.

18/08/2025 9:02

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Rodrigo Paz e Tuto Quiroga são os candidatos que competem pela presidência da Bolívia no segundo turno
(Imagem de reprodução da internet).

O primeiro turno das eleições bolivianas confirmou a força da direita e a ausência da esquerda na disputa presidencial no país, algo inédito nas últimas duas décadas. Com quase 100% das urnas apuradas, Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão, e Jorge “Tuto” Quiroga, da coalizão Aliança Livre, com 32,1% e 26,8% respectivamente, foram confirmados como os dois candidatos que disputarão o segundo turno em 19 de outubro deste ano. Ambos simbolizam o retorno ao poder de setores conservadores e tradicionais da política boliviana, contrários ao processo de mudança iniciado com o ex-presidente Evo Morales, em 2006.

Rodrigo Paz, que liderava as preferências do eleitorado, é uma figura relativamente nova no cenário nacional, porém com forte herança política. É filho de Jaime Paz Zamora, ex-presidente da Bolívia nos anos 1990, período também marcado por governos de austeridade e privatizações. Paz construiu sua carreira como senador por Tarija, no sul do país, e obteve projeção ao se apresentar como uma voz de renovação, embora sua trajetória esteja diretamente ligada às famílias políticas tradicionais.

A vitória de Paz no primeiro turno, que derrotou Samuel Doria Medina, visto como favorito até poucos dias antes da eleição, pegou os bolivianos de surpresa. Rodrigo Paz, apesar de um discurso modernizador, defende a manutenção de políticas ortodoxas na economia e o fortalecimento de alianças com o empresariado de Santa Cruz de La Sierra, o coração econômico da Bolívia.

Suas propostas estão distantes das agendas populares ou indígenas, que marcaram o processo de mudança iniciado em 2006. A candidatura busca ocupar o espaço de centro-direita, apresentando-se como alternativa ao discurso de Tutuiu Quiroga, que se posiciona mais à direita.

Ex-acolhido de ditador

Jorge Quiroga, também conhecido como “Tuto”, possui uma trajetória política associada à elite econômica boliviana. Foi vice-presidente de Hugo Banzer – ex-ditador militar que governou o país em duas ocasiões – e assumiu a presidência entre 2001 e 2002, após a renúncia do então presidente. Durante seu breve governo, implementou políticas neoliberais de abertura de mercado e privatizações, em consonância com as recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI). Apesar do enfraquecimento político que acumulou, manteve-se como figura constante da oposição ao Movimento ao Socialismo (MAS) nas duas décadas seguintes.

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Ao longo dos anos, Quiroga desenvolveu um perfil político conservador, com alinhamento aos Estados Unidos. Ele defendeu a criminalização de movimentos sociais e manteve relações próximas com Washington. Suas posições o tornaram um dos principais oponentes de Evo Morales, com quem houve confrontos em diversos momentos da história recente.

A presença de Evo Morales

No cerne desse conflito está a figura de Evo Morales. Impedido de concorrer, Evo, que denuncia perseguição judicial, lançou-se à campanha pelo voto nulo, que atingiu 19,3%, o maior índice da história boliviana. Sua força nas ruas e a habilidade de mobilizar setores populares ainda exercem influência como fator de instabilidade, mesmo em um cenário eleitoral predominado pela direita, e o colocam como uma presença constante para o vencedor.

Fonte por: Brasil de Fato

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