Ricardo Nunes aprova venda de terreno público nos Jardins para empreendimento bilionário
Prefeito sanciona lei com venda de travessa de R$ 16,6 milhões, que também será usada para acesso de metrô.
Prefeito de São Paulo Autoriza Venda de Via nos Jardins para Empreendimento de Luxo
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sancionou uma lei que concede a venda de uma pequena via nos Jardins, com potencial para se tornar um empreendimento imobiliário de alto padrão. A medida, publicada no Diário Oficial nesta terça-feira, 7, gera um conflito, considerando que a mesma área está prevista para abrigar o acesso da futura estação Nove de Julho, da Linha 16-Violeta do metrô.
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A Travessa Engenheiro Antônio de Souza Barros Júnior, que conecta a Alameda Lorena à região da Rua Pamplona no bairro nobre, foi avaliada em R$ 16,6 milhões por técnicos municipais. A incorporadora Helbor já manifestou interesse no espaço, planejando utilizá-lo como parte de um condomínio residencial de altíssimo padrão, que incluiria terrenos vizinhos anteriormente ocupados por uma vila parcialmente demolida. O custo total do projeto é estimado em R$ 994 milhões.
A situação se complica, pois documentos oficiais recentes indicam a travessa como local escolhido para a construção do acesso à estação de metrô. O processo de implantação da Linha 16-Violeta está em fase avançada, com audiências públicas realizadas e contrato previsto para 2026. A Acciona, empresa espanhola que opera a Linha 6-Laranja, também demonstrou interesse na obra e apresentou estudos técnicos que justificam o uso da área.
Para viabilizar a operação, foi necessário alterar a classificação jurídica da travessa. Ruas e praças são consideradas bens de uso comum do povo, conforme a lei brasileira, e não podem ser negociadas. A Câmara Municipal aprovou a transformação do local em “bem dominial”, uma categoria que permite a alienação. Com a sanção de Nunes, a operação está autorizada.
A decisão do prefeito abrangeu ainda outras duas áreas na região da Faria Lima. Uma delas é um pequeno terreno municipal situado em frente ao complexo B32, conhecido como Prédio da Baleia, numa das áreas mais valorizadas da avenida. A outra é a Rua Aurora Dias Carvalho, via sem saída com acesso pela Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, cujos imóveis no entorno pertencem em sua maioria à CAOA Patrimonial.
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Nunes também vetou quatro trechos do projeto original, provenientes de emendas parlamentares. Entre os vetos, está a privatização da Rua Canoal, na zona sul, solicitada pela Igreja Batista do Morumbi, e de parte da Rua América Central, em Santo Amaro.
O prefeito justificou que não ficou demonstrada a relevância dessas mudanças para o planejamento urbano da cidade.