Professores brasileiros ultrapassam média da OCDE no uso de IA em sala de aula
Pesquisa Talis 2024 aponta que 56% dos docentes brasileiros empregam ferramentas digitais no ensino, refletindo média da organização.

Professores no Brasil Adotam IA em Aumento
No Brasil, 56% dos professores afirmam utilizar ferramentas de inteligência artificial (IA), seja para preparar aulas ou buscar métodos mais eficientes de ensino. Essa porcentagem supera a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 36%. Os dados são da Talis (Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem) de 2024, divulgada na segunda-feira (6 de outubro de 2025) pela OCDE. CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Utilização da IA pelos Professores Brasileiros
De acordo com o estudo, os professores brasileiros utilizam a IA para criar planos de aula ou atividades (77%), ajustar a dificuldade dos materiais de aula de acordo com as necessidades dos alunos (64%) e aprender e resumir tópicos de forma eficiente (63%). Os usos menos frequentes incluem revisar dados sobre a participação ou desempenho dos alunos (42%), criar textos para feedback dos alunos ou comunicações com pais/responsáveis (39%) e avaliar ou corrigir o trabalho dos alunos (36%).
Impactos e Variações Internacionais
A Talis destaca que os impactos do uso da IA na educação ainda são incertos. A pesquisa de 40 anos sobre o tema, acelerada pelo lançamento do ChatGPT da OpenAI em 2022, mostra que a IA está desempenhando um papel crescente, mas sua influência a curto e longo prazo na educação permanece incerta. A forma como a IA deve ser utilizada também é uma questão importante.
O uso da IA varia significativamente entre os países. Em Singapura e Emirados Árabes Unidos, cerca de 75% dos professores relatam utilizá-la, enquanto na França e Japão, a porcentagem cai para menos de 20%. O Brasil ocupa a 10ª posição entre os países pesquisados nesse quesito.
Necessidades de Formação e Infraestrutura
A pesquisa revela que os professores brasileiros necessitam de formação para o uso da tecnologia, especialmente para a IA. As áreas de maior necessidade são o ensino de alunos com necessidades educacionais especiais (48%), habilidades para o uso de IA no ensino e aprendizagem (39%) e ensino em ambientes multiculturais ou multilíngues (37%).
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64% dos professores que não utilizaram IA nos 12 meses anteriores à pesquisa, responderam que não o fizeram devido à falta de conhecimento e habilidades para ensinar com IA. Essa porcentagem é menor que a média da OCDE (75%). Além disso, 60% indicaram que a falta de infraestrutura nas escolas era o motivo da não utilização, o que é maior que a média da OCDE (37%).
Tecnologia e Aprendizagem
Durante a pandemia de COVID-19, muitos sistemas educacionais adotaram o ensino online ou híbrido, e alguns mantiveram esses métodos. No Brasil, 17% dos professores trabalham em escolas onde pelo menos uma aula foi ministrada de forma híbrida ou online no último mês, uma porcentagem similar à média da OCDE (16%).
A pesquisa mostra que a maioria dos professores concorda que o uso de ferramentas digitais desenvolve o interesse dos alunos pela aprendizagem (85% em média). No entanto, as opiniões são mais divididas quanto à possibilidade de as ferramentas digitais melhorarem o desempenho acadêmico, com menos de 50% dos professores na Áustria, Comunidade Francesa da Bélgica, Finlândia, França e Suécia concordando com essa afirmação. Na Albânia, Arábia Saudita e Vietnã, a concordância é superior a 95%.