Professora detida após registrar atendimento policial em escola no Distrito Federal
Associação, secretaria e parlamentar manifestaram forte repúdio à conduta.

Na quarta-feira passada (10), uma professora foi detida em uma feira de ciências no Centro de Ensino Médio 01 de São Sebastião (também chamado de Centrão). A professora, presente no evento, foi detida ao registrar jovens sendo abordados por policiais militares nos arredores da escola.
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A Polícia Militar informou que a abordagem começou com a identificação de um grupo de estudantes com comportamentos considerados suspeitos. Um deles estava em posse de uma faca e não usava uniforme escolar. Diante da situação, uma professora de outra instituição iniciou a gravação com o celular, buscando proteger os adolescentes e crianças próximos ao local.
Após iniciar a gravação, a professora ingressou no colégio. Em pouco tempo, um dos policiais entrou na unidade escolar em busca dela. O agente deteve a educadora pelo braço e aplicou a prisão civil por desacato. Em seguida, a professora foi conduzida à delegacia.
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) informou ao Brasil de Fato DF que a conduta da professora ao filmar a abordagem colocou em risco a segurança da equipe e dos indivíduos abordados, além dela ter feito ofensas aos policiais.
Enquanto a ocorrência seguia em curso, uma mulher se aproximou, iniciou a gravação da ação e proferiu ofensas contra os policiais, colocando em risco a segurança da equipe e dos abordados. A mulher foi orientada a se afastar, porém, após interromper a filmagem, persistiu em insultar os agentes. Foi realizada a prisão em flagrante pelo delito de desacato.
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A direção da escola declarou que a mulher não era integrante do corpo docente da instituição.
O deputado distrital Gabriel Magno (PT-DF) comentou a situação e declarou ter enviado ofícios à Secretaria de Educação, Secretaria de Segurança Pública e à Polícia Militar para apurar os fatos. “É inaceitável a postura violenta e desproporcional da Polícia Militar do Distrito Federal contra uma educadora, uma professora que, primeiramente, não praticou nenhum tipo de agressão e não oferecia risco aparente que justificasse tal abordagem”, ponderou.
O parlamentar também demonstrou solidariedade à professora. “Declaro meu profundo respeito, admiração e solidariedade a essa professora, assim como a todo o grupo dos profissionais da educação do Distrito Federal”.
O diretor do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), Samuel Fernandes, classificou a ação como “inaceitável e revoltante”. Ele considerou não justificável que uma educadora passasse por uma situação constrangedora e humilhante. “Isso representa um ataque direto não só à profissional, mas a toda categoria de professores e à própria escola pública. O que observamos foi um abuso de autoridade, uma violência contra o direito de ensinar e contra a dignidade da educação”, declarou.
A entidade também manifestou sua repulsa à atuação do policiamento militar na ocorrência, destacando que a atribuição do corpo é garantir a proteção e o atendimento à comunidade, observando os direitos humanos.
O Sinpro considera a conduta inaceitável em um Estado Democrático de Direito. A função da polícia é proteger e servir à comunidade. O uso desproporcional da força, particularmente contra uma profissional desarmada e exercendo sua função, representa um grave abuso de autoridade e infringe a integridade física e moral da professora, direito constitucional assegurado a todos os cidadãos e cidadãs. Solicitamos a responsabilização disciplinar, administrativa e criminal dos agentes envolvidos, em conformidade com a legislação. O respeito aos direitos humanos deve ser um princípio fundamental da polícia militar, e a atuação de sua corporação deve visar à desescalada de conflitos, e não o oposto.
A Secretaria de Educação informou ao Brasil de Fato DF que teve conhecimento da denúncia por meio da imprensa e manifestou seu repúdio ao ocorrido. “A Pasta repudia veementemente qualquer manifestação de violência, acompanha de perto as investigações e reafirma seu compromisso com um ambiente escolar seguro e respeitoso”, comunicou.
O sindicato ressaltou que está oferecendo todo o suporte psicológico e jurídico necessário aos professores. “Escola é espaço de diálogo e de acolhimento”. O Sinpro acompanha de perto o caso da professora agredida, fornecendo todo o apoio jurídico e psicológico para que ela possa enfrentar com segurança a ação brutal e tenha a oportunidade de superar as marcas físicas e psicológicas causadas pelo autoritarismo. Em defesa da professora, do corpo docente da educação pública, da comunidade escolar, da educação e dos direitos humanos: basta de violência nas escolas.
Fonte por: Brasil de Fato