Professor da USP critica: “País incompreensível com alto índice de analfabetismo”

O Brasil registra 9,1 milhões de analfabetos e 29% da população enfrenta o analfabetismo funcional.

08/09/2025 19:38

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Professor da USP critica: “País incompreensível com alto índice de analfabetismo”
(Imagem de reprodução da internet).

Na data comemorativa da Alfabetização, ocorrida nesta segunda-feira (8), o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Cara, manifestou sua crítica à negligência histórica do Brasil em relação ao tema. “É completamente incompreensível que, no país de Paulo Freire, que foi o maior pensador da alfabetização e da educação ao longo da vida dos adultos, o índice de analfabetismo absoluto ainda seja tão elevado”, declarou ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

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De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil apresentava 9,1 milhões de indivíduos com 15 anos ou mais que não dominavam a leitura ou a escrita em 2024, representando uma taxa de 5,3% da população adulta. Adicionalmente, o Indicador de Analfabetismo Funcional (Idaf) do período mais recente apontava que aproximadamente 29% da população brasileira era classificada como analfabeta funcional.

O pesquisador destaca que o impacto da alfabetização, incluindo a Educação de Jovens e Adultos (EJA), se estende além da sala de aula. “Uma criança que tem contato com um adulto que retorna para a escola, quase sempre apresenta um desempenho escolar muito satisfatório porque a família valoriza a educação”, explica.

Ele explica que o analfabetismo funcional gera um problema em todos os níveis de ensino. “Se você chega até a universidade e está em situação de analfabetismo funcional, é um problema, concretamente, de algo que não ocorreu na educação básica. Isso é gravíssimo”, afirma.

A pessoa recorda que o aprendizado não é cumulativo e demanda estímulo contínuo. “Quantas vezes um indivíduo estuda um idioma estrangeiro e, por não praticar, apresenta grande dificuldade em retomar o uso da língua? Essa é a prova de que o aprendizado não é cumulativo”, comenta.

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Mudanças climáticas e desigualdades regionais

O professor ressalta que a crise climática apresenta novos desafios para a educação, como no Rio Grande do Sul, onde enchentes tornaram inviável o funcionamento das aulas em 2024. “As mudanças climáticas trazem inúmeros desafios para o aprendizado, tanto na inviabilização do curso normal das aulas, como também a climatização das salas de aula não permite um aprendizado”, afirma.

Também destaca que as desigualdades regionais expandem a exclusão educacional. “[O Norte] é uma região que ainda está muito marcada por processos de corrupção, possui um garimpo mobilizado pelo crime muito estruturado, considerando que o Brasil não respeita as populações indígenas, tampoco as ribeirinhas. Isso resulta em uma região que tem pouco acesso à educação, comparada com as outras regiões”.

Para audir e visualizar.

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Fonte por: Brasil de Fato

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