Professor critica Fux por atuar como “maioria fantoche de Trump”, expondo o STF à influência dos EUA

Gilberto Maringoni adverte sobre o risco de chantagem armada e avalia que sanções buscam desestabilizar o Brasil no Brics.

10/09/2025 22:07

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Professor critica Fux por atuar como “maioria fantoche de Trump”, expondo o STF à influência dos EUA
(Imagem de reprodução da internet).

O docente de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Gilberto Maringoni, considerou “vergonhoso” o voto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux no julgamento da trama golpista na quarta-feira (10). Ele também o acusou de ser “marionete do governo americano”.

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A declaração surge após o bolsonarista Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura João Figueiredo, afirmar que o magistrado estaria excluído de futuras sanções dos Estados Unidos por se opor à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A fala faz referência à chamada Lei Magnitsky, utilizada por Donald Trump para punir o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo.

Fux se opôs ao parecer de Moraes, que era favorável à condenação do ex-presidente, e votou pela absolvição. Com o voto do ministro Flávio Dino, o resultado foi de 2 a 1 a favor da condenação de Bolsonaro, acusado de liderar a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Maringoni critica que o ministro Fux é um “marionete” do governo americano, afirmando que é “uma vergonha” um juiz, ministro da Suprema Corte, esteja tão ligado a um governo de uma potência estrangeira.

A ameaça dos Estados Unidos não pode ser descartada.

A entrevista de Figueiredo aconteceu logo após a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmar que Trump “não tem receio de empregar o poder econômico e o poder militar para defender a liberdade de expressão em âmbito global”. A declaração foi feita na terça-feira (9) em resposta a uma pergunta de um jornalista sobre possíveis novas sanções contra o Brasil caso Bolsonaro seja julgado pelo STF por tentativa de golpe de Estado.

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O professor considera que a declaração merece atenção. “Não se pode considerar como mera provocação, pois Donald Trump tem se mostrado com uma violência notável nas relações internacionais”, afirma. Ele ressalta que a atitude dos Estados Unidos pode resultar em chantagens armadas, como as ocorridas contra a Venezuela. “É possível que ele tente realizar algo semelhante: deslocar para as águas do Atlântico Sul uma frota da Marinha americana para intimidar. Precisamos estar preparados”, adverte.

“Não se pode descartar esse tipo de coisa”, acrescenta. Para ele, compete ao Itamaraty, ao Congresso e ao Executivo manterem uma postura firme diante das ameaças externas. “Esse tipo de ameaça, durante um julgamento dessa magnitude, não pode ser maculado, tutelado, dirigido ou sofrer interferências de qualquer governo estrangeiro, seja ele quem for”, defende.

Apesar do anúncio público das sanções tarifárias de Trump e do julgamento de Bolsonaro, Maringoni acredita que elas visam, na verdade, o crescimento do Brics. Ele aponta o fato do Brasil ser o único ou grande integrante do Brics no Ocidente. Os países do Brics têm começado a transacionar entre si, a ter relações comerciais fora da economia do dólar. Isso é fatal para os Estados Unidos.

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Fonte por: Brasil de Fato

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