Produtores de grãos enfrentam desafios financeiros, mas buscam crescimento na produção de grãos em 2025/2026.
O setor do agronegócio brasileiro enfrenta um período de grande paradoxo. A expectativa de uma safra de grãos recorde para o período 2025/2026 coexiste com um cenário preocupante de endividamento entre os produtores rurais e uma queda significativa na rentabilidade das atividades agrícolas.
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Essa combinação de fatores tem gerado um clima de incerteza e dificuldades para o setor.
Dificuldades no Acesso ao Crédito
As altas taxas de juros e o aumento da inadimplência têm levado os bancos a adotarem políticas de crédito mais restritivas. Isso dificulta o acesso aos recursos prometidos no Plano Safra, ampliando a distância entre o financiamento esperado e os recursos efetivamente disponíveis para os produtores.
Dados e Indicadores
Segundo o Banco Central, a taxa média das operações contratadas a taxas de mercado atingiu 9,35% em agosto de 2025, o maior índice desde o início da série histórica em março de 2011. Além disso, o assessor técnico da CNA, Guilherme Rios, destaca que a situação é agravada pela necessidade de garantias reais, mesmo em operações de menor porte, devido ao cenário de endividamento.
Impacto na Rentabilidade
Dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, revelam uma queda drástica na margem de lucro para a soja e o milho. A margem para a soja despencou 36% em comparação com a safra passada, enquanto a margem para o milho sofreu uma redução de 92%.
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Essa situação é impulsionada pelo aumento persistente dos custos de insumos, como fertilizantes, que subiram 20%, e pela estabilidade dos preços dos grãos.
Desafios Adicionais
As fortes oscilações cambiais também desestabilizam o planejamento dos produtores. No caso do milho, a margem bruta caiu de R$ 1.010 na safra 2024/2025 para apenas R$ 79 por hectare na safra 2025/2026. Considerando as despesas financeiras e de uso da terra, o prejuízo pode atingir quase R$ 1.900 por hectare.
A situação é considerada extrema, com a possibilidade de menor uso de tecnologia e redução das áreas cultivadas.
Aumento de Pedidos de Recuperação Judicial
Em 2024, o número de pedidos de recuperação judicial feitos por produtores rurais aumentou 61,8% em relação a 2023, totalizando 2.273 solicitações. A ferramenta é vista como a “última chance” para os produtores equacionarem seus passivos financeiros.
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