Destruição Familiar e Crise Humanitária no Campo Brasileiro
Mais de 30 famílias foram devastadas, um retrato sombrio de uma crise humanitária e de crédito que assola o setor rural brasileiro. A denúncia apresentada por Arlei Romeiro, presidente da Associação dos Produtores e Empresários Rurais (Aper), desencadeou uma audiência pública no Congresso Nacional, expondo as feridas de uma situação crítica.
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O relato detalha abusos por parte de instituições financeiras, incluindo juros que ultrapassam 25%, venda casada e apropriação de terras, fatores que contribuíram para um colapso que já resultou em suicídios e perdas de bilhões desde 2020.
A Realidade por Trás dos Números
A senadora (Republicanos-DF), presidente da Comissão de Direitos Humanos, enfatizou a gravidade da situação, declarando: “Não é só economia. Há suicídio, depressão e crianças vivendo em desespero. A dignidade humana está em risco”. Arlei Romeiro detalhou que o problema é crônico, antecedendo as recentes calamidades climáticas.
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Segundo ele, a forma como as políticas de crédito rural são conduzidas, especialmente por cooperativas de crédito, representa um “evento adverso de longa data”, levando à destruição de famílias pressionadas a abandonar suas terras, mesmo com alternativas legais para se reerguerem. “São ilegalidades e irregularidades cometidas pelas instituições financeiras que levaram à destruição de famílias”, afirmou Romeiro.
Contradições no Sistema de Regulação
A reação do aparato estatal às denúncias foi recebida com choque de realidade pelos produtores. Cláudio Filgueiras, chefe do Departamento de Regulação do Crédito Rural do Bacen, inicialmente negou as irregularidades, considerando as denúncias uma “surpresa” e afirmando que, em oito anos, “nunca viu uma instituição financeira receber em soja”.
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No entanto, em outro momento, admitiu a falência do sistema de fiscalização. “O produtor que financia 100% do custeio, mesmo com taxas equalizadas, hoje não consegue fechar a conta. O modelo, da forma como está, não se sustenta”, declarou Filgueiras.
Essa contradição expõe uma falha grave: se o Bacen sabe que o modelo não se sustenta, por que nega os abusos e defende as instituições financeiras em vez de investigá-las?
Uma Luz no Fim do Túnel?
A percepção do Ministério da Fazenda, representada pelo Movimento SOS Agro, trouxe um elemento de esperança. Graziele de Camargo afirmou que o Ministério da Fazenda “ainda não entendeu que o produtor não é o culpado”. Irajá Lacerda, secretário-executivo da pasta, apresentou o sistema VMG, uma plataforma que utiliza imagens de satélite e inteligência artificial para gerar atestados digitais com dados técnicos e auditáveis sobre a produção de cada talhão, comprovando quebras de safra e garantindo a rastreabilidade dos grãos.
Após ver os dados, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) destacou que é a primeira vez que vê a tecnologia sendo usada de forma positiva, transformando a inteligência artificial em uma ferramenta para o bem. Lacerda explicou que o objetivo é criar um “ambiente neutro com dados auditáveis verificáveis, tudo com uma metodologia escrita e reconhecida em um padrão público”.
