Estudo aponta que redução da poluição do ar intensifica aquecimento global. Pesquisa com dados de satélite revela impacto nas nuvens do Atlântico Norte e Pacífico Nordeste
Um estudo recente revelou um paradoxo crucial no contexto do aquecimento global. A redução da poluição do ar, impulsionada por regulamentações mais rigorosas sobre a qualidade do ar, que visava melhorar a saúde humana, inadvertidamente intensificou o aquecimento global.
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A pesquisa, baseada em duas décadas de dados de satélite, focou nas mudanças nas nuvens sobre o Atlântico Norte e o Pacífico Nordeste. Os resultados indicaram que a diminuição da refletividade das nuvens, causada pela redução da poluição por partículas, contribuiu significativamente para o aumento da temperatura da superfície do mar.
A principal causa desse fenômeno reside nos aerossóis, minúsculas partículas que atuam como sementes para a formação das gotículas das nuvens. Quando a concentração de aerossóis diminui, as nuvens contêm gotículas maiores e menos refletivas, o que leva à produção de nuvens mais escuras e de vida mais curta.
Esse processo enfraquece o efeito de resfriamento que as nuvens baixas exercem sobre as áreas marinhas, exacerbando o aquecimento global.
Os pesquisadores separaram os efeitos da redução da poluição do ar da mudança nas nuvens impulsionada pelo aquecimento global. Descobriram que a redução dos aerossóis foi responsável por 69% da perda de refletividade das nuvens, enquanto o aquecimento explicou 31%.
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As simulações mostraram que o efeito Albrecht, que se refere à diminuição do brilho das nuvens em resposta ao aumento do tamanho das gotículas, foi mais influente do que o efeito Twomey, que se refere à diminuição do brilho das nuvens em resposta à redução da poluição do ar.
A descoberta adiciona um desafio político: as melhorias na qualidade do ar que salvam vidas também removem uma barreira de resfriamento que tem mascarado uma parte significativa do aquecimento causado pelos gases de efeito estufa. Com as emissões de aerossóis previstas para continuar caindo, essa tendência pode contribuir para taxas mais rápidas de aquecimento por décadas.
O monitoramento por satélite de longo prazo provou ser essencial para revelar a ligação entre ar mais limpo, nuvens mais escuras e aquecimento regional, e continuará a ser essencial para compreender o aquecimento futuro.
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