Ministério Público e Polícia Federal se unem para combater crimes transnacionais com apoio financeiro da instituição.
O Brasil decidiu arcar integralmente com as passagens e diárias dos oficiais de ligação que atuam no Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI), localizado em Manaus. Essa medida abrange representantes dos nove estados da Amazônia Legal, bem como oficiais de países pan-amazônicos e representantes de organismos internacionais convidados.
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Segundo o chefe da Diretoria de Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, delegado Humberto Freire, a decisão visa eliminar restrições financeiras que poderiam impedir a participação de parceiros regionais. “A gente sabe que a realidade orçamentária e financeira de estados e países da Amazônia é diferente. Então, para garantir que todos estariam conosco, a gente se comprometeu a custear integralmente as diárias e passagens desses oficiais de ligação”, declarou Freire ao Poder360.
O custeio é financiado pela Polícia Federal, como contrapartida ao Fundo Amazônia, que destinou R$ 36,7 milhões para a criação do CCPI. O centro faz parte do Plano Amas (Amazônia: Segurança e Soberania), lançado pelo Ministério da Justiça em 2023, com o objetivo de fortalecer a cooperação contra o tráfico de drogas, garimpo ilegal, contrabando e outros crimes transnacionais.
O CCPI, inaugurado em 9 de setembro de 2025, funciona como uma base de coordenação permanente de policiais brasileiros e estrangeiros. Atualmente, conta com oficiais de 7 dos 9 estados da Amazônia Legal (exceto Amapá e Tocantins) e de 6 dos 9 países da região: Colômbia, Bolívia, Peru, Suriname e Guiana, além do Brasil. O principal ganho do modelo é o compartilhamento de inteligência e informação em tempo real, sem a necessidade de burocracia diplomática tradicional.
A cooperação se manifesta em ações e operações conjuntas. Em fase de testes, o CCPI coordenou operações na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, que impediram o deslocamento de dragas de garimpo entre os países para escapar da fiscalização. “Historicamente, quando a gente fazia a destruição de dragas garimpeiras do lado brasileiro, eles [os garimpeiros] se deslocavam para a Colômbia. Quando a Colômbia fazia ações no lado colombiano, eles [os garimpeiros] se deslocavam para o Brasil. Então a gente pactuou uma ação só, conjunta, e aí efetivamente não tinha para onde correr. A gente conseguiu destruir as dragas de ambos os lados”, relatou Freire.
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Equador e França (via Guiana Francesa) já confirmaram adesão, e a Venezuela está em tratativas. Organismos como Interpol, Ameripol e Europol também foram convidados. Entre os projetos em curso está a expansão do sistema de inteligência “Brasil Mais”, que utiliza imagens de satélite e inteligência artificial para identificar crimes ambientais. A PF planeja adaptá-lo para toda a região pan-amazônica, sob o nome “Amazônia Mais”, com apoio de organismos como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Banco Mundial.
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