Petro promove reunião de ministros da América Latina para lidar com a ‘interferência’ dos EUA

A articulação surge em resposta às ameaças do governo Trump em relação à Venezuela.

13/08/2025 20:36

4 min de leitura

Petro promove reunião de ministros da América Latina para lidar com a ‘interferência’ dos EUA
(Imagem de reprodução da internet).

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reuniu chanceleres e ministros latino-americanos para discutir o enfrentamento das ameaças dos Estados Unidos. De acordo com o colombiano, é necessário construir uma frente de defesa dos povos do continente em proteção às nações mais vulneráveis aos ataques de Washington.

O presidente Petro afirmou que os ministros e chanceleres da América Latina devem se reunir o mais rápido possível, pois eles representam uma ameaça e buscam um ataque, semelhante ao ocorrido em Gaza, em homenagem a Bolivar. Ele declarou que não trairão a bandeira, que simboliza soberania e liberdade, independentemente das circunstâncias.

A declaração do líder vem em resposta à decisão dos Estados Unidos de elevar para 50 milhões de dólares (cerca de R$ 271 milhões) a recompensa financeira que pode resultar na captura de Maduro. O anúncio foi feito na última quinta-feira (7) pela procuradora-geral dos EUA, Pamela Bondi, que acusou o presidente venezuelano de uma suposta ligação com grupos ligados ao tráfico de drogas.

Na semana passada, um artigo do New York Times alegou que Trump assinou uma ordem executiva confidencial determinando que o Departamento de Defesa iniciasse o emprego da “força militar” contra certos cartéis de drogas latino-americanos considerados terroristas. A ordem permite a realização de operações militares diretas no mar e em outras nações.

A publicação ocorreu semanas após os EUA classificarem o Cartel dos Sóis como uma organização terrorista internacional. A Casa Branca afirmou, sem apresentar evidências, que essa suposta organização venezuelana seria liderada por Maduro.

Leia também:

O presidente colombiano já havia se posicionado em favor da Venezuela diante dessas ameaças. Em sua fala, o mandatário colombiano declarou que uma operação militar contra a Venezuela sem a concordância dos “países irmãos” representaria uma agressão à América Latina e ao Caribe.

A intenção dos Estados Unidos de atacar organizações criminosas no continente também foi criticada por Petro. Para o presidente, o fato de muitas dessas organizações atuarem na região daria o pretexto para que a Casa Branca reproduza na América do Sul as violências que vem cometendo na Faixa de Gaza.

A pior atitude é ceder o poder ao narcotráfico, e ele se fortalece cada vez mais na América Latina. Isso não se resolve com ataques a bomba; são os jovens que, por falta de recursos, trilham um caminho equivocado, necessitando de oportunidades, e não de violência.

A reunião é o segundo passo planejado por Petro para se manifestar em relação às ameaças e violentos atos de potências estrangeiras. Em julho, o presidente colombiano organizou um encontro com 30 países para apresentar uma solução contra os ataques em Gaza.

Na quarta-feira (13), Petro também ressaltou que os governos colombiano e venezuelano estão coordenando seus exércitos e forças de segurança para combater o tráfico de drogas na fronteira entre os dois países. Para ele, isso é positivo para ambos os países e tem apresentado resultados importantes. Ele também assegurou que a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN) sofreu impactos militares nos dois lados da fronteira.

É benéfico para ambas as nações e produziu resultados significativos. O ELN foi atingido militarmente em ambos os lados da fronteira. Meu mandato é coordenar esforços de inteligência para combater o narcotraffico com os Estados Unidos, Europa, América Latina e Caribe, China, o mundo árabe e o mundo inteiro. E dei instruções para que, acima de diferenças políticas, os exércitos da América Latina tenham uma coordenação prioritária.

Em julho, Caracas e Bogotá assinaram um acordo para estabelecer uma Zona Econômica Especial de Paz na fronteira entre os dois países. O objetivo é promover o desenvolvimento dos estados da fronteira, tanto da Colômbia quanto do Venezuela, com ênfase no fortalecimento dos setores produtivos e na asseguração da segurança na região. A proposta visa combater organizações criminosas que operam na área em atividades como o tráfico de drogas, pessoas e armas, e que exercem disputas territoriais, principalmente do lado colombiano.

Durante a semana, Maduro já havia declarado que o trabalho na zona especial alcançou a redução da insegurança no lado venezuelano. Segundo o presidente, o contato contínuo entre as forças armadas dos dois países tem o potencial de extinguir a violência de grupos armados.

Unimos o esforço de cooperação entre autoridades e almejamos unir os dois governos nacionais, as forças militares para a garantia de um território livre de violência e grupos armados. A Venezuela é hoje um país livre de cultivo de folhas de coca, livre de laboratórios de cocaína. Se unirmos o poder econômico, institucional, político e militar da Colômbia e Venezuela, podemos demonstrar que, como zona piloto, libertamos essa região da violência.

Do lado da nação caribenha, essa zona abrange os estados de Tachira e Zulia. Já do lado colombiano está o Norte de Santander. Ainda de acordo com Maduro, em 2024 a Venezuela registrou recorde de apreensão de cocaína.

Fonte por: Brasil de Fato

Autor(a):