Aprovação da Recondução de Paulo Gonet à PGR
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira, 12 de novembro de 2025, a recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, ao cargo. A votação final ocorreu com 17 votos favoráveis e 10 contrários. A indicação, proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), agora segue para análise do plenário do Senado, necessitando do apoio de pelo menos 41 senadores para ser formalizada.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A votação está prevista para o mesmo dia.
Contexto da Indicação e Resistência Política
Paulo Gonet já ocupa a posição de procurador-geral desde 2023, também indicado por Lula em sua primeira nomeação. Inicialmente, a indicação foi aprovada com 65 votos favoráveis e 11 contrários, um cenário mais favorável em comparação com a situação atual, marcada por crescente resistência e um clima político mais acirrado.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A indicação de Gonet tem gerado debates e controvérsias no Congresso Nacional.
Declarações de Paulo Gonet Durante a Sabatina
Durante a sabatina, Gonet enfatizou que a Procuradoria-Geral da República “não busca aplauso” e que sua atuação se baseia na racionalidade técnica e no respeito ao marco constitucional. Ele ressaltou que a PGR respeita as competências dos demais Poderes e não deve ser utilizada como instrumento de disputa política. “O Ministério Público é guardião da ordem democrática e dos direitos fundamentais, mas deve manter-se arredio à interferência sobre opções próprias dos Poderes integrados por agentes legitimados diretamente pelo propósito popular”, declarou.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
LEIA TAMBÉM!
Gonet também criticou a “espetacularização” de atos processuais e defendeu a evitação de denúncias precipitadas e vazamentos que possam influenciar decisões políticas.
Defesa da Cooperação Institucional
O procurador-geral defendeu a cooperação entre instituições no combate a crimes complexos, sem sobreposição de funções. Ele afirmou que o papel da PGR é coordenar esforços dentro das “balizas constitucionais”, e não competir com outros Poderes.
Gonet apresentou um balanço de gestão, informando que, entre janeiro de 2024 e julho de 2025, a PGR se manifestou em 8.969 processos e celebrou 568 acordos de não persecução penal (ANPP), com R$ 700 mil em reparações e 12 absolvições registradas no período.
Reações e Críticas Durante a Sabatina
O momento de maior tensão da sabatina ocorreu durante a fala do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que fez críticas duras a Gonet e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O congressista lamentou a recondução do procurador-geral e acusou Moraes de “fraudar uma decisão” relacionada aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, baseando-se em reportagem jornalística.
Segundo Flávio, o ministro teria manipulado informações e usado a estrutura do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para complementar a decisão após sua publicação. Ele também afirmou que Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes, cobrou informações sobre o caso, o que configuraria interferência indevida.
Reações de Outros Parlamentares
O senador acusou Gonet de investigar quem denunciou as supostas irregularidades, e não as denúncias em si. “Há um jogo combinado, uma manipulação e uma farsa”, disse, afirmando sentir-se “mal” em participar de um processo que considerou “inaceitável num Estado Democrático de Direito”.
As declarações provocaram reação imediata. O presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), repreendeu Flávio Bolsonaro e afirmou que, em mais de 30 anos de vida pública, “nunca constrangeu nem o pior adversário” como o senador havia feito. Outros parlamentares manifestaram solidariedade a Alencar e pediram o retorno do debate ao tom institucional.
Outras Indicações Aprovadas na CCJ
A CCJ também aprovou, nesta quarta-feira (12.nov), a indicação dos generais de Exército Anísio David de Oliveira Júnior e Flavio Marcus Lancia Barbosa para os cargos de ministros do Superior Tribunal Militar (STM), nas vagas decorrentes da aposentadoria dos ministros Marco Antônio de Farias e Odilson Sampaio Benzi, respectivamente.
Oliveira e Barbosa receberam, cada um, 26 votos favoráveis e apenas um contrário.
