Paris Hilton e Kim Kardashian exemplificam a ascensão da fama por fama no século XXI. A trajetória das celebridades desafia o mérito e a aprovação institucional
A trajetória de Paris Hilton e Kim Kardashian oferece um olhar fascinante sobre a transformação da fama no século XXI. Antes, a celebridade dependia de talento artístico ou da aprovação de instituições. Hoje, a fama pode ser construída simplesmente por ser famosa, como demonstrado por Hilton.
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David Marx, autor de “Blank Space”, argumenta que Hilton e Kardashian criaram um modelo de celebridade que antecipou o Instagram e os reality shows. Para o autor, a nova celebridade não precisa mais cantar, atuar ou inventar nada. Basta capturar a atenção, transformar o “eu” em produto e saber vender.
Paris Hilton provou que o escândalo, até mesmo o desprezo público, não era mais punição, mas capital de carreira. Sua sex tape de 2003, em vez de afundá-la, consolidou seu status de fenômeno cultural. A fama deixou de ser algo concedido por mérito e passou a ser um produto replicável.
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Kim Kardashian elevou essa lógica, seguindo o mesmo roteiro: vazamento do vídeo íntimo, reality show familiar, marcas próprias e, por fim, bilhão na conta. Seu diferencial foi consolidar um império mais coeso. “Eu sou uma marca para meus fãs”, declarou em 2010, com mais ambição e menos ironia.
Segundo “Blank Space”, o que Hilton e Kardashian criaram foi a fundação da economia da atenção como modelo dominante na era digital. A série “Keeping Up With the Kardashians” serviu como canal direto entre a intimidade e o capital, transformando cada momento — festas, brigas, casamentos, divórcios — em conteúdo monetizável.
A ascensão dessa lógica coincidiu com o colapso de antigas fronteiras culturais. Para Marx, “sem a vergonha, a infâmia e a estima se tornam indistinguíveis”. A audiência aprendeu a julgar não pela relevância artística, mas pela viralização.
Kardashian não ficou apenas famosa — ela fez isso de forma bastante eficaz.
Em um mundo de visibilidade infinita, a reputação virou capital volátil, e o “eu” virou o negócio mais lucrativo de todos. A atenção se tornou o bem mais disputado da era digital, e a celebridade — despida de mérito, mas rica em métricas — é o motor de um sistema onde ser notado é mais importante que ser respeitado.
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