Parentes e grupos de apoio organizam manifestação pelos 10 anos do massacre de Osasco

Jovens foram mortos por militares, em retaliação ao falecimento de um militar e um civil.

17/08/2025 14:25

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Parentes e grupos de apoio organizam manifestação pelos 10 anos do massacre de Osasco
(Imagem de reprodução da internet).

Parentes e organizações da sociedade civil promoveram, no final da tarde deste sábado (16), uma manifestação em homenagem aos dez anos do massacre em Osasco (SP), Barueri (SP) e Itapevi (SP), ocorrido em 13 de agosto de 2015.

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Em municípios próximos, dentro de um raio de 7 quilômetros, entre as 21h e 23h daquela noite, 19 jovens foram mortos por militares da polícia, que agiram por vingança em razão dos assassinatos de um policial militar e de um guarda-civil metropolitano, que ocorreram dias anteriores. Do total de 19 mortes, 15 ocorreram em Osasco, três em Barueri e uma em Itapevi.

O evento, promovido pela Associação 13 de Agosto e pelo movimento Mães de Osasco e Barueri, realizou-se em um local na rua Alagoinha, no Jardim Mutinga, em Barueri. A manifestação incluiu a presença de representantes de outras associações de mães de vítimas de chacinas, como Mães de Maio, da Baixada Santista; e Mães de Manguinhos, do Rio de Janeiro.

Antônia Lúcia Gomes da Silva, mãe de Jailton Vieira da Silva, falecido aos 30 anos na chacina, afirmou que, além da dor da perda do filho, necessitou se mudar de Embu-Guaçu, no interior paulista, para Barueri, a fim de não perder a guarda dos três netos, que ficaram órfãos.

Precisei me mudar da zona rural para cá para cuidar dos netos. Caso não tivesse vindo, eles teriam ido para o hospital. Deixei tudo no interior e vim para cá. Naquele dia [em que soubemos da morte do meu filho] minha mãe teve um AVC, ficou na cama. Agora, há dois meses, ela faleceu.

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Segundo Silva, até o momento, ela não recebeu nenhuma indenização do estado. “Disseram que teríamos direito a uma pensão e indenização, mas até agora nada”. “Ninguém faz nada. O policial já está na rua trabalhando. Ele pode fazer a mesma coisa, sair matando [novamente] pessoas, pessoas negras, pobres e da periferia”, acrescentou Antônia.

Jailton encontrava-se em um bar em Barueri aguardando uma pizza, quando foi assassinado. “Ele estava sentado na porta do bar esperando a pizza, eles o empurraram para dentro e já atiraram.”

Punição

Aparecida Gomes da Silva Assunção perdeu o filho Leandro Pereira Assunção, de 36 anos. Ela pede punição aos autores do crime e diz que não vê justiça sendo feita. “Você não vê punição, você vê só acontecendo com outras mães [a mesma coisa]”.

Vê outros homens perdendo a vida, em troca de nada, polícia matando, como sempre, e não há justiça. Porque quando começar a punir, realmente ter uma punição severa, eu acho que talvez melhore. Mas, enquanto isso, só fica assim o lamento das mães, da família, porque morava na periferia ou porque estava no lugar errado.

Perdida incessante

Rosa Francisca Correa, mãe de Wilker Thiago Correa Osório, falecido aos 29 anos, relata que o filho foi assassinado com 40 tiros após retornar do trabalho. Ela afirma que o crime ceifou a vida de todas as famílias envolvidas.

Quando este evento ocorreu, não se limitou à minha família, afetou a família de todos. Todas as mães experimentam um luto contínuo e esse luto nos acompanhará.

Ele vivia no Engenho Novo, em Barueri, retornando do serviço com a mochila nas costas, a marmita e um garfo. Foi morto às costas, com 40 tiros. Ele não sabia o motivo da morte.

Após dois anos da chacina, quatro policiais foram julgados. Dois deles, Fabrício Emmanuel Eleutério e Thiago Barbosa Henklain, foram condenados pelos crimes. Eleutério recebeu pena de 255 anos, sete meses e dez dias de prisão. Já Henklain recebeu sentença de 247 anos, sete meses e dez dias de prisão.

O guarda civil Sérgio Manhanã também foi condenado a 100 anos e dez meses de prisão. O ex-PM Victor Cristilder dos Santos, julgado separadamente, em março de 2018, foi condenado a 119 anos, quatro meses e quatro dias de reclusão.

Contudo, as defesas apresentaram recursos e um novo julgamento do caso ocorreu em 2017. Cristilder e Manhãã foram consideradas inocentes.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou à Agência Brasil que o inquérito policial instaurado pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) para apurar o caso foi finalizado em dezembro do mesmo ano, com a identificação e indiciamento de oito indivíduos – sete policiais militares e um GCM [guarda civil metropolitano]. A secretaria declarou que “todos os PMs envolvidos no caso foram desligados da corporação”.

Fonte por: Brasil de Fato

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