Países produtores de petróleo enfrentam dificuldades para chegar a um acordo global sobre o combate à poluição por plástico
O problema foi causado, sobretudo, pela procura de países fabricantes de petróleo, que desejam um acordo menos rigoroso.

As negociações para o estabelecimento de um tratado global de combate à crescente poluição por plásticos foram interrompidas sem consenso em Genebra, na Suíça. Representantes de 185 nações se reuniram por dez dias, porém não obtiveram aprovação sequer de um documento preliminar para o acordo.
O chamado CNI5-2 evidenciou divisões consistentes entre os países. Por um lado, o grupo conhecido como Coalizão de Alta Ambição, composto pela União Europeia, Reino Unido, Canadá e diversos países africanos e latino-americanos, propunha a redução da produção de plástico e a eliminação gradual de produtos químicos tóxicos utilizados na fabricação.
Por outro lado, os países produtores de petróleo, que se autodenominavam Grupo de Pensamento Alinhado, defendiam que o tratado deveria ter um foco mais restrito na gestão de resíduos, sem necessariamente restringir a produção. Esse grupo incluía Arábia Saudita, Kuwait, Rússia, Irã e Malásia.
O Brasil, quarto maior produtor de plástico no mundo e líder na América Latina, apresentou posição intermediária nas negociações. Apesar da delegação brasileira ter reconhecido a relevância de um tratado que englobe todo o ciclo de vida do plástico, não houve acordo sobre a restrição da produção.
A atitude do país suscitou dúvidas em relação à sua atuação em outras convenções ambientais, incluindo a de combate às mudanças climáticas.
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Nações insulares, compostas por ilhas que correm risco de desaparecerem devido às mudanças climáticas, manifestaram grande frustração com o resultado. Esses países destacam o impacto de enfrentar graves consequências da crise ambiental, apesar de sua contribuição limitada para o problema.
Dados apresentados ao longo dos dez dias de negociação indicam que mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente em todo o planeta. Metade desse volume é descartável e apenas 9% são efetivamente reciclados.
Relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que, anualmente, são descartadas entre 19 milhões e 23 milhões de toneladas de plástico em ecossistemas aquáticos – o que equivale a aproximadamente 2 mil caminhões de lixo por dia. Até 2040, essa quantidade pode aumentar para 37 milhões de toneladas se a tendência atual persistir.
Diante do impasse, os países preenchem uma nova rodada de discussões sobre o tema. Contudo, ainda não há data e local definidos. Considerando que o encontro não apresentou nenhum documento, as delegações retomarão o rascunho do texto anterior, que foi elaborado em Busan, Coreia do Sul, no final de 2024.
Fonte por: Brasil de Fato