Os Donos do Jogo: Série da Netflix explora o submundo do bicho

Os Donos do Jogo: Série da Netflix explora o submundo do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Com produção nacional e elenco de destaque, a trama investiga a “cúpula do bicho” e a modernização do crime

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(Imagem de reprodução da internet).

Os Donos do Jogo: Uma Imersão no Submundo do Jogo do Bicho

A série Os Donos do Jogo, lançada em 29 de outubro, rapidamente chamou a atenção pela sua trama envolvente, que mistura ação, drama familiar e crítica social, tudo ambientado no submundo do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Com produção nacional, a série se destaca pela sua estética cinematográfica e conta com um elenco de destaque, apostando na tensão entre tradição e modernidade para apresentar os bastidores de um império construído sobre apostas ilegais.

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A Base da Trama: Pesquisa e Referências Históricas

Segundo o diretor Heitor Dhalia, em entrevista à BBC, a trama se baseia em uma extensa pesquisa que envolveu policiais, especialistas e pessoas ligadas ao jogo do bicho. “É ficção, mas com um grau de verossimilhança bastante alto”, afirmou. “Entendemos que para traduzir um universo complexo como esse precisávamos de uma pesquisa muito fundamentada”.

A série não recria nomes ou eventos reais, mas se inspira em elementos documentados do crime organizado brasileiro.

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Estrutura Familiar e a “Cúpula do Bicho”

A estrutura familiar entre os personagens remete diretamente à chamada “cúpula do bicho”, grupo de bicheiros que dividiu o controle do jogo no Rio de Janeiro nas décadas de 1970 e 1980. Figuras como Castor de Andrade, Anísio Abraão David e Capitão Guimarães ajudaram a consolidar esse império.

Os vínculos com escolas de samba, futebol, política e forças de segurança são representações fiéis de um sistema que realmente existiu — e que ainda sobrevive, hoje, em novas formas, como as apostas online.

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A Relação com o Carnaval e a Modernização do Crime

A relação entre o jogo do bicho e o Carnaval também é real. Castor de Andrade, por exemplo, foi patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel. A fundação da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), em 1985, também contou com apoio de bicheiros, como forma de legitimar o patrocínio às escolas e ampliar o prestígio social.

Outro ponto baseado em fatos: a modernização do crime. Na trama, o protagonista tenta lucrar com o mercado de apostas digitais, uma realidade confirmada por operações da Polícia Civil e do Ministério Público, que apontam o uso de plataformas online por grupos tradicionais do jogo para lavar dinheiro e manter as atividades.

A Ficção como Ferramenta Narrativa

Apesar das referências históricas, os personagens e eventos da série são todos fictícios. Não há representação direta de Castor de Andrade, Fernando Iggnácio ou qualquer outro nome conhecido do jogo do bicho. Os roteiristas evitaram usar figuras reais para garantir liberdade criativa.

Assim, embates entre famílias, assassinatos e disputas por poder foram criados exclusivamente para a dramaturgia da Netflix.

Clãs e Construções Narrativas

A construção dos clãs (como os Guerra, Fernandez e Saad) é inspirada na lógica territorial dos bicheiros, mas não corresponde a divisões reais. Também não há registro de figuras femininas com o grau de protagonismo armado ou político que personagens como Mirna ou Leila apresentam na ficção, embora hoje algumas herdeiras de bicheiros estejam de fato envolvidas em disputas patrimoniais.

Elenco e Produção

A série Os Donos do Jogo conta com um elenco formado por nomes conhecidos do cinema e da televisão brasileira, além de rostos novos. Entre os destaques: André Lamoglia — interpreta Profeta (Anselmo), protagonista da série. Juliana Paes — vive Leila Fernandez, esposa de um bicheiro tradicional em busca de mais poder. Chico Diaz — interpreta Galego, bicheiro veterano da velha guarda. Xamã — vive Búfalo, herdeiro do clã Guerra. Giullia Buscaccio — atua como Suzana, filha de bicheiros e peça-chave nas alianças entre famílias. Mel Maia — interpreta Mirna, personagem ambiciosa e disposta a quebrar a hierarquia do submundo. Raphael Logam — no papel de Dino, um chefão influente que simboliza a geração anterior.

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