Operação Contenção: A Mais Letal da História do Rio de Janeiro
A mais recente operação policial de grande escala a ocorrer no Rio de Janeiro, denominada Operação Contenção, deflagrada nesta terça-feira (28), contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, resultou em 121 mortos, segundo dados da Polícia Civil.
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Esse número supera os registros de Jacarezinho (2021) e Vila Cruzeiro (2022), tornando-se a ação mais letal já registrada no Estado. O governo do Rio, liderado pelo governador Cláudio Castro, não emitiu declarações sobre o ocorrido.
Números e Impacto
Dados da Defensoria Pública do Rio de Janeiro apontam um total de 132 mortos relacionados à Operação Contenção. A ação, que se concentrou nos complexos do Alemão e da Penha, elevou o número total de mortos em operações policiais sob a gestão de Castro para 1.846, conforme levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI) da Universidade Federal Fluminense (UFF).
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O GENI monitora as operações policiais no Rio de Janeiro.
Operações Precedentes
Entre as operações mais letais realizadas no Rio desde 2007, seis ocorreram sob a gestão atual. Além da Operação Contenção, destacam-se a operação em Itaguaí (2020) com 12 mortos, a incursão no Complexo do Alemão (2022) com 17 mortes, incluindo um policial, e a operação em São Gonçalo e Salgueiro (2023) com 13 vítimas.
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Críticas e Questionamentos
A pesquisadora e coordenadora do GENI/UFF, Carolina Grillo, avalia que a declaração do governador Castro sobre a operação demonstra “desrespeito com o valor da vida das pessoas que residem nas favelas e periferias”. Grillo ressalta que investigações futuras são necessárias para determinar as circunstâncias das mortes e se houve execuções sumárias, mortes acidentais ou confusão de pessoas com criminosos no meio de um tiroteio.
A pesquisadora enfatiza a ineficiência de um método de combate ao crime centrado em operações policiais, que tem sido utilizado há décadas no Rio de Janeiro.
Repúdio e Controvérsia
A megaoperação foi repudiada por especialistas, advogados e diversas entidades, incluindo a Defensoria Pública da União, a Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro e governadores de direita que organizam uma comitiva para prestar apoio ao governador Cláudio Castro.
O Ministério Público do Estado (MP-RJ) apontou que o governo do Rio fez, em média, 85 operações policiais por mês em comunidades desde o início da tramitação da ADPF das Favelas no Supremo Tribunal Federal (STF).
O governo do Rio de Janeiro não respondeu às solicitações de informações sobre a operação.
