Opep+ Retoma Produção de Petróleo com Interrupção e Fatores Complexos

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) decidiu retomar parte da produção de petróleo em dezembro. Essa decisão, anunciada em reunião por videoconferência, visa equilibrar a fatia de mercado do grupo, considerando sinais de enfraquecimento da demanda global.

A medida ocorre em um cenário de alertas da indústria sobre a formação de um excedente no mercado global de petróleo.

Grandes tradings, como o Grupo Trafigura, apontam para o acúmulo de barris em navios-tanque, enquanto a Agência Internacional de Energia, com sede em Paris, projeta um excedente superior a 3 milhões de barris por dia para o trimestre em curso, com potencial de crescimento em 2026.

Desde o início do ano, a Opep+, também conhecida como Opep+, tem restaurado progressivamente a produção de 1,65 milhão de barris por dia, que havia sido anteriormente suspensa. Parte dessa oferta foi retomada com mais rapidez no primeiro semestre, antecipando volumes inicialmente previstos para 2026, conforme informações da Bloomberg.

O mercado reagiu com instabilidade após essa retomada. Contratos futuros do petróleo Brent apresentaram recuo de 13% ao longo do ano, encerrando a última sexta-feira com preços abaixo de US$ 65 o barril. A trégua tarifária entre Washington e Pequim atenuou temporariamente as perdas.

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Na reunião conduzida pela Arábia Saudita, a coalizão aprovou a liberação de cerca de 137 mil barris por dia no próximo mês, mantendo o ritmo de recuperação previsto para os últimos dois meses. A pausa nos acréscimos futuros considera a demanda sazonalmente mais fraca do primeiro trimestre.

Fatores geopolíticos também influenciaram a decisão. As tensões ainda não foram totalmente absorvidas pelo mercado. Segundo um delegado, é cedo para avaliar os efeitos. Paralelamente, o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, deve visitar Washington ainda este mês para se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem pressionado o grupo a conter os preços dos combustíveis.

Apesar das decisões da Opep+, alguns membros enfrentam dificuldades técnicas para aumentar a produção, enquanto outros compensam excessos passados, limitando o impacto dos anúncios. A estratégia saudita, focada em fundamentos de mercado e baixos níveis de estoque, busca justificar o aumento da oferta ao longo do ano.

O reino saudita enfrenta desafios orçamentários, com o déficit fiscal aumentando no terceiro trimestre, e alguns projetos estratégicos, como a cidade planejada de Neom, sofrem cortes de investimento. Nos Estados Unidos, principal fonte de crescimento da oferta em 2025, o setor de petróleo de xisto também enfrenta desafios, com redução nos investimentos e alertas sobre um “ponto de inflexão”, o que pode levar à estagnação do crescimento até 2026.

A próxima reunião da Opep+ está marcada para 30 de novembro, quando será revisada a política de produção para o ano seguinte.