Estudo da ONU aponta soluções de baixo custo para reduzir emissões de metano em energia, agricultura e resíduos. Ações incluem reparos em aterros e manejo hídrico em plantações de arroz
Reparos em vazamentos em aterros sanitários, manejo hídrico em plantações de arroz e a separação dos resíduos orgânicos são algumas das soluções recomendadas em um novo estudo do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente para conter o avanço nas emissões de metano.
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O diferencial dessas abordagens é o custo acessível, com a pesquisa indicando que 80% das ações de controle dessas emissões são de baixo custo.
A pesquisa, divulgada durante a Conferência do Clima da ONU, aponta que as emissões de metano ainda estão em crescimento, porém abaixo do projetado por cientistas para esta década. O metano representa atualmente quase um terço das emissões de gases de efeito estufa.
O “Relatório Global sobre o Status do Metano”, elaborado em parceria com a Coalizão Clima e Ar Limpos, demonstra que a desaceleração nas emissões de metano ocorre devido ao baixo crescimento dos mercados de gás natural entre 2020 e 2024, especialmente impulsionado pelo aumento dos preços decorrente da guerra da Ucrânia, onde a Rússia é um principal fornecedor de combustíveis.
Outro fator relevante é o surgimento de novas regulamentações para resíduos na Europa e América do Norte, com foco na captura do metano antes da sua liberação na atmosfera. Isso inclui a reciclagem de materiais orgânicos, evitando que essas fontes sejam descartadas em aterros sanitários, utilizando tecnologias como biodigestores ou sistemas de reaproveitamento do gás gerado no processo.
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A combinação de políticas nacionais, regulamentações setoriais e mudanças de mercado são fatores que podem levar ao atingimento da meta do Compromisso Global com o Metano, acordo feito durante a COP26, que busca reduzir as emissões em 30% até 2030, na comparação com os níveis de 2020.
A maior urgência, de acordo com o estudo da ONU, está nos setores de energia, agricultura e resíduos. O setor de energia conta com 72% do potencial total de mitigação, seguido por resíduos (18%) e agricultura (10%). Para a energia, a mudança de infraestrutura necessária custaria apenas 2% de toda a receita do setor em 2023, um gasto pequeno perto das oportunidades de melhorias ambientais.
Na área da saúde, o estudo indica que seriam evitadas 180 mil mortes prematuras a partir da adoção das medidas. Já na agricultura, 19 milhões de toneladas de safras a cada ano seriam salvas até 2030.
O trabalho com metano é importante na redução das emissões porque é muito mais barato e fácil de gerenciar do que as emissões de carbono, considerado o principal vilão das mudanças do clima. “Reduzi-lo é uma das maneiras mais rápidas e mais econômicas de desacelerar a , fazendo dele nosso ‘freio de emergência climático’”, explica Ruth Zugman do Coutto, diretora da divisão de Mudanças Climáticas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Mais de dois terços das nações no Acordo de Paris já incluem o metano nas suas NDCs, representando 38% de aumento do número na comparação com antes de 2020. “O metano está, aos poucos, ganhando um novo papel na reconstrução das prioridades nacionais.
Isso muda o ponteiro, mas ainda não acontece na velocidade que precisamos”, diz Martina Otto, secretária-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. O trabalho com metano trata-se de um potencial tecnicamente viável que já está sendo realizado com baixo custo: o que falta é a escala.
Ela conta que o metano também é um precursor do ozônio troposférico, um agente fortemente prejudicial e de alto potencial de aquecimento. Evitar as perdas só na agricultura poderia gerar mais de US$ 330 bilhões em benefícios econômicos. “Gostaria de enfatizar isso: o retorno sobre o investimento é extraordinário. É mais que o dobro do custo das ações necessárias.”
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