OMS: 42% da população sofre de condições neurológicas, elevando mortes anuais
Estudo global aponta para 11,8 milhões de mortes anualmente devido a 37 diagnósticos, incluindo Alzheimer e enxaquecas. Saiba mais no Poder360.

Relatório da OMS Aponta para 3,4 Bilhões de Pessoas com Condições Neurológicas
Um novo relatório global sobre neurologia, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revelou que aproximadamente 3,4 bilhões de pessoas – o equivalente a 42% da população mundial – vivem com alguma condição neurológica. O documento crucial destaca que essas condições são responsáveis por 11,8 milhões de mortes anualmente.
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A pesquisa abrangente analisou 37 diferentes condições neurológicas distintas. Os dados, provenientes do Estudo Carga Global de Doenças (GBD) de 2021, em colaboração com o Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde, apontam para percentuais elevados de afetados em diversas regiões. As Américas registram uma prevalência de 48,1%, enquanto na Europa, o número atinge 49,6%.
Principais Condições Neurológicas
As 10 condições neurológicas que mais contribuem para a incapacidade e mortalidade incluem:
- Acidente Vascular Cerebral (AVC);
- Encefalopatia Neonatal;
- Enxaqueca;
- Doença de Alzheimer e outras demências;
- Neuropatia Diabética;
- Meningite;
- Epilepsia Idiopática;
- Complicações Neurológicas Relacionadas ao Nascimento Prematuro;
- Transtornos do Espectro Autista;
- Cânceres do Sistema Nervoso.
O diretor-assistente geral da divisão de Promoção da Saúde, Prevenção e Controle de Doenças da OMS, Jeremy Farrar, enfatizou a necessidade de aprimorar o atendimento médico para indivíduos afetados por essas condições. “Com mais de 1 em cada 3 pessoas no mundo vivendo com condições que afetam o cérebro, precisamos fazer tudo o que pudermos para melhorar o atendimento que elas necessitam,” declarou.
O relatório expõe significativas desigualdades no acesso aos cuidados neurológicos. Países de baixa renda apresentam até 82 vezes menos neurologistas por 100 mil habitantes em comparação com nações de renda alta. Essa disparidade significa que, para muitos pacientes, “diagnóstico, tratamento e cuidados contínuos estejam simplesmente fora do alcance”.
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Farrar ressaltou que “muitas dessas condições neurológicas podem ser prevenidas ou tratadas de forma eficaz, mas os serviços ainda estão fora do alcance da maioria — especialmente em áreas rurais e desassistidas — onde as pessoas frequentemente enfrentam estigma, exclusão social e dificuldades financeiras”.
A OMS alerta sobre a distribuição geográfica inadequada dos serviços: “Serviços críticos como unidades de AVC, neurologia pediátrica, reabilitação e cuidados paliativos frequentemente são escassos ou concentrados em áreas urbanas, deixando populações rurais e desassistidas sem acesso a cuidados que salvam e sustentam vidas”.
Apenas 53% dos Estados-Membros da OMS participaram da pesquisa, evidenciando a atenção limitada que os países dedicam às questões neurológicas. Apenas 32% das nações possuem uma política nacional voltada para esses diagnósticos, 25% incluem distúrbios neurológicos na cobertura universal de saúde, e apenas 18% relatam ter financiamento específico para enfrentá-los.
No Brasil, o Renade (Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil) de 2024 mostrou que 86% dos cuidadores são mulheres e 83,6% são familiares dos pacientes. Esses cuidadores dedicam em média 10 horas e 12 minutos diários ao cuidado, todos os dias da semana, sem receber apoio financeiro. Apesar dessa alta carga horária, 65,7% deles ainda mantêm outro trabalho.
Em 2022, os Estados-Membros da OMS adotaram o Plano de ação global intersetorial sobre epilepsia e outros distúrbios neurológicos para reduzir o impacto dessas condições. Com base nesse compromisso, a organização recomenda que os governos priorizem politicamente os distúrbios neurológicos por meio de liderança e investimento sustentado, expandam o acesso ao cuidado neurológico através da cobertura universal de saúde, promovam a saúde cerebral ao longo da vida e fortaleçam sistemas de dados para decisões baseadas em evidências.