Estudo da OIT aponta desigualdade: mulheres dedicam 9,8h extras aos cuidados no Brasil. Pesquisa revela sobrecarga, principalmente em mulheres negras e áreas rurais
Um estudo divulgado na terça-feira, 18 de novembro de 2025, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), aponta que mulheres brasileiras dedicam, em média, 9,8 horas a mais por semana do que os homens às atividades de cuidado sem remuneração.
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A pesquisa foi apresentada durante a Academia de Cuidados, evento internacional promovido pelas instituições.
A pesquisa, realizada em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, define o trabalho de cuidado não remunerado como as tarefas realizadas sem pagamento, incluindo o acompanhamento de crianças, idosos ou pessoas com deficiência, além das atividades domésticas.
Os dados indicam uma sobrecarga significativa, especialmente entre grupos específicos da população.
Os resultados revelam disparidades marcantes. Mulheres negras dedicam, em média, 22,4 horas semanais às atividades de cuidado. Mulheres residentes em áreas rurais realizam mais que o dobro de horas de cuidado em relação aos homens, com uma diferença média de 12,4 horas semanais.
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Após o nascimento do primeiro filho, cerca de 50% das mulheres abandonam o mercado de trabalho até dois anos após o nascimento, enquanto homens tendem a aumentar sua renda nesse período.
De acordo com o estudo, 10 anos após o nascimento do primeiro filho, mulheres têm 20% menos probabilidade de estar ocupadas em comparação aos homens. Essa diferença aumenta para 24% em famílias de baixa renda. O documento ressalta que os efeitos da maternidade se estendem por um longo período, mesmo após a diminuição da demanda por cuidados intensivos.
O estudo propõe medidas para mitigar a desigualdade na divisão dos cuidados. Sugere a ampliação das licenças de maternidade, paternidade e parentais, incentivando o uso igualitário dessas licenças entre homens e mulheres. Também é recomendada a ratificação da Convenção nº 156 da OIT, que trata da proteção a trabalhadores com responsabilidades familiares, atualmente em tramitação no Congresso.
Além disso, propõe a criação de serviços públicos de cuidado, incentivos fiscais para empresas que adotem licenças parentais prolongadas e o desenvolvimento de políticas integradas que considerem o cuidado como um direito social, e não como um impedimento à participação econômica.
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